Crianças são as mais atingidas pelas bombas de Israel | Foto: Reprodução

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef alertaram na terça-feira (31) para o agravamento da situação em Gaza, com muitos riscos para a saúde, sob as bombas israelenses e o corte total da água, comida, remédios, combustível e eletricidade, perpetrado pelas forças de ocupação israelenses. Uma “catástrofe iminente”, de acordo com os dois organismos internacionais

O porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, denunciou que faltam suprimentos aos hospitais, até mesmo anestesia para operar os pacientes e também falou sobre a falta de água.

“A água é a base essencial para tudo. Você precisa de água potável, mas é claro que também precisa de água para muitas outras questões. E tudo isso está faltando”, disse Lindmeier.

Sem água potável suficiente, há uma ameaça crescente de mortes por desidratação, especialmente de crianças, denunciou a Unicef.

“A menos que o acesso à água potável seja restabelecido com urgência, mais civis, incluindo crianças, adoecerão ou morrerão de desidratação ou de doenças transmitidas pela água”, disse Catherine Russel, diretora executiva do Unicef.

55% da infraestrutura de abastecimento de água em Gaza – registrou o Unicef – necessitam de reparação e apenas uma estação de dessalinização está funcionando com apenas 5% de capacidade. As outras estações de tratamento de água estão inoperantes por falta de combustível ou energia. Já a OMS pediu que fosse autorizada por Israel a entrada do combustível em Gaza para permitir o funcionamento de uma usina de dessalinização.

O Unicef também alertou para a saúde mental das crianças. “A agitação e violência podem induzir estresse tóxico nas crianças, o que interfere no seu desenvolvimento físico e cognitivo e causa problemas de saúde mental, tanto a curto quanto a longo prazo”, reforçou Russel.

420 CRIANÇAS MORTAS OU FERIDAS EM GAZA POR DIA

Em depoimento ao Conselho de Segurança da ONU, Catherine Russel, diretora executiva do Unicef, advertiu que mais de 420 crianças são mortas ou feridas na Faixa de Gaza todos os dias. “O verdadeiro custo desta última escalada será medido na vida das crianças”, ela denunciou.

Na segunda-feira (30), chegou a 3.547 o total de crianças palestinas mortas desde o início da operação das forças de ocupação israelenses. “A situação piora a cada hora”, alertou Russell. “E sem o fim das hostilidades, temo pelo destino das crianças da região.” Cerca de 940 crianças estão desaparecidas.

Russel pediu ao Conselho de Segurança que adote “imediatamente” uma resolução que: apele a um cessar-fogo; exija que as partes permitam um acesso humanitário seguro e desimpedido, e exija a libertação imediata e segura de todas as crianças raptadas.

OPERAÇÃO HERODES

A organização Save the Children denunciou no domingo (29) que o número de crianças mortas na Faixa de Gaza em três semanas de guerra já supera a quantidade de crianças mortas em conflitos armados em um ano inteiro desde 2019.

Segundo relatórios da ONU, citados pela Save the Children, 2.985 crianças foram mortas em 24 países em 2022, 2.515 em 2021 e 2.674 em 2020 em 22 países.

“Três semanas de violência arrancaram crianças das famílias e destruíram as suas vidas a um ritmo inimaginável. Os números são angustiantes e com a violência não só continuando mas também aumentando em Gaza neste momento, muito mais crianças continuam em grave risco”, afirmou Jason Lee, diretor da Save the Children no território palestino ocupado.

“A morte de uma criança é demais, mas estas são violações graves de proporções épicas. Um cessar-fogo é a única forma de garantir a sua segurança. A comunidade internacional deve colocar as pessoas à frente da política – cada dia passado debatendo está deixando crianças mortas e feridas. Crianças devem ser protegidas em todos os momentos, especialmente quando procuram segurança em escolas e hospitais”, completou. Além das crianças mortas em Gaza, outras 33 morreram na Cisjordânia e 29 em Israel.

Fonte: Papiro