Trégua e acordo Israel-Hamas permitem o retorno de jovens palestinos prisioneiros de Israel a seus lares e familiares | Imagem de Vídeo

O ministério das Relações Exteriores do Catar anunciou nesta segunda-feira (27) que um acordo foi alcançado para estender por mais dois dias a trégua em Gaza.

“O Estado do Qatar anuncia, como parte da mediação em curso, que foi alcançado um acordo para estender a trégua humanitária por dois dias adicionais na Faixa de Gaza”, registrou no X o porta-voz Majid Al Mansari.

O Hamas disse que a trégua se estendeu em acordo com o Catar e o Egito, já que Israel havia dito que estava aberto a estender a pausa nos combates em troca da libertação de mais prisioneiros mantidos em Gaza.

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, disse que a prorrogação da trégua em Gaza é um “vislumbre de esperança e humanidade no meio da escuridão da guerra”

Numa conferência de imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres disse esperar que essa prorrogação permita a entrega de mais ajuda à população de Gaza.

“Espero sinceramente que isto nos permita aumentar ainda mais a ajuda humanitária à população de Gaza que tanto sofre, sabendo que mesmo com esse tempo adicional, será impossível satisfazer todas as necessidades dramáticas da população em Gaza”, disse.

A trégua de quatro dias que se encerraria à noite desta segunda-feira interrompeu sete semanas de genocídio e devastação em Gaza, permitindo que 117 mulheres e crianças palestinas fossem libertadas em troca de 58 cativos, entre israelenses (39) e estrangeiros (19).

“Um acordo foi alcançado com os irmãos no Catar e no Egito para estender a trégua humanitária temporária por mais dois dias, com as mesmas condições da trégua anterior”, disse um porta-voz do Hamas em um telefonema com a Reuters.

Antes das declarações, a chefe do Serviço de Informação do Estado do Egito, Diaa Rashwan, havia dito que um acordo de extensão estava próximo e incluiria a libertação de 20 reféns israelenses entre os capturados pelo Hamas durante seu ataque de 7 de outubro ao sul de Israel. Em troca, mais 60 prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses seriam libertados, disse ele.

Sob intensa pressão internacional – o repúdio nas ruas ao genocídio e limpeza étnica – e interna – contra o desprezo pela sorte dos reféns -, o regime de Netanyahu se viu forçado a contragosto aceitar a trégua de quatro dias, depois de os EUA, em cada discussão no Conselho de Segurança da ONU, terem vetado qualquer referência a um cessar-fogo.

Por sua vez, o chefe do bureau político do Hamas, Ismail Haniyeh, o acordo de quatro dias de trégua foi resultado de duras negociações. “O inimigo apostou na restauração dos cativos por meio de armas, matança e genocídio. Mas depois de quase 50 dias, o inimigo se curvou às condições de resistência e à força de vontade de nosso bravo povo”.

NAKBAS DE 1948, 1967 E 2023

A ocupação colonial aberta de terras palestinas, cometida por Israel sem qualquer disfarce desde 1967 e, já antes, sob o Nakba de 1948, e a recusa ao Estado Palestino soberano, viável e com Jerusalém oriental como capital – uma trama que inclui até mesmo o assassinato do então primeiro-ministro Yitzak Rabin, que assinara com Yasser Arafat os Acordos de Oslo -, e um sistema de apartheid que só fez se estratificar desde então, a insistência no racismo contra árabes, são a causa de fundo do “conflito” e da “questão palestina”, que agora voltou a explodir no 7 de outubro.

Mais de 800 mil fanáticos israelenses assaltaram terras palestinas na Cisjordânia, com proteção e subsídios do regime israelense.

75% dos habitantes do enclave são netos ou bisnetos das famílias palestinas expulsas de suas casas em 1948, na Nakba. Como se sabe, o Hamas não existia em 1948, nem em 1967.

Um ministro de Netanyahu chamou a revanche atual no enclave palestino de “Nakba de Gaza”.

Como salientou o secretário-geral da ONU, um personagem extremamente comedido, Antonio Guterres, o ataque de 7 de outubro foi precedido por 56 anos de “ocupação sufocante” e a atual investida de Israel está transformando Gaza em um “cemitério de crianças”.

A incursão colonial israelense já matou em sete semanas quase 15 mil palestinos  – dois terços, crianças e mulheres – e avalia-se que 6 mil, dados como desaparecidos, estejam sob escombros. Nem hospitais, escolas da ONU, mesquitas e prédios residenciais escaparam às bombas e tiros de tanque israelenses. 1,7 milhão de pessoas foram expulsas de seus lares pelas bombas e mísseis israelenses. Metade desses lares foi arrasada até o chão.

Em uma ‘punição coletiva’ e, portanto, crime de guerra sob a lei internacional, sob a jurisprudência de Nuremberg, o cerco israelense cortou o acesso de 2,3 milhões de moradores de Gaza à água, à eletricidade e combustível, à comida e aos remédios. Mais de uma centena de funcionários da ONU e 57 jornalistas foram mortos em Gaza desde 7 de outubro, entre outros crimes de guerra cometidos por Israel.

Fonte: Papiro