São Paulo SP 04/11/2023 Ato Mundial em Solidariedade ao Povo Palestino, na avenida Pauista . Foto Paulo Pinto/Agencia Brasil

O sábado (4) foi de manifestações por todo o mundo contra o massacre na Palestina, embora o governo israelense não tenha dado qualquer trégua e tenha assassinado 20 pessoas em apenas uma escola bombardeada na Faixa de Gaza, nesse mesmo dia. Cerca de sete mil pessoas – de acordo com estimativas da organização – mostraram sua revolta neste sábado (4) a Avenida Paulista, região central da cidade de São Paulo, contra o massacre. O ato marcou o Dia Mundial de Solidariedade ao Povo Palestino pedindo cessar-fogo em todo o mundo.

Foto: Daniel Violal/MST

No mesmo dia dos atos em solidariedade à Palestina, Israel bombardeou uma escola em Gaza, matando 20 pessoas. A escola da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina) atingida servia como abrigo para refugiados que temiam ficar em áreas ainda não bombardeadas ou transitar por áreas de risco, além dos que já perderam suas casas. A tática de confronto de Israel não encontra justificativas na regulação internacional de conflitos, configurando crime de guerra. O governo de Benjamin Netanyahu acumula acusações e se recusa a seguir qualquer recomendação dos organismos multilaterais. Enquanto isso, o mundo assiste atônito a limpeza étnica e o genocídio nos territórios palestinos.

A atual insurgência do Hamas contra a opressão sistemática de Israel começou no dia 7 de outubro com um ataque que deixou 1,4 mil mortos. A partir daquele momento, Israel mobilizou esforços militares para bombardeios aéreos a ataques por terra principalmente contra a Faixa de Gaza, com a justificativa de “guerra ao Hamas”. No entanto, a destruição de hospitais, mesquitas e escolas com seus profissionais e abrigados entra na lista de bombardeios como “suspeitas” de abrigar “terroristas” ou para obrigar uma evacuação total do território.

O conflito chega ao seu 29º dia e já deixou, pelo menos, 10.775 mortos. Desse total, 9.370 são palestinos, sendo que a maioria (9.227) estava na Faixa de Gaza. O número de feridos é de 40.047 (34.616 palestinos e 5.431 israelenses).

Jamil Murad, do Cebrapaz e PCdoB, discursa durante o ato em São Paulo. Foto: Alcineia Cavalcante

O discurso de Jamil Murad durante o protesto em São Paulo mencionou o seu envolvimento em intifadas anteriores, conversas com figuras proeminentes como Yasser Arafat, Nelson Mandela e Fidel Castro, todos os quais expressaram solidariedade com a luta do povo palestiniano por um Estado independente e soberano. Ele enfatizou a necessidade de um Estado palestino com acesso terrestre, marítimo e aéreo.

Murad destacou o apoio global à causa palestina, mencionando protestos em vários países. Ele pediu esforços contínuos para acumular o apoio dos legisladores nos níveis local, estadual e nacional. Ele destacou a longa trajetória de luta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa dos palestinos e seu comprometimento com essa causa desde os tempos em que era um sindicalista.

“O presidente Lula, em 1982 não era parlamentar, ele não era presidente da República, mas já era um sindicalista comprometido com o povo palestino. O presidente Lula, muitas e muitas vezes, se manifestou como presidente da República a favor do Estado palestino, a favor do povo palestino”, afirmou Murad, ressaltando o histórico de Lula em relação à causa palestina.

O líder do PCdoB também discutiu as pressões internacionais que o Brasil tem enfrentado devido à sua postura crítica em relação à crise no Oriente Médio. Ele enfatizou que essas pressões vêm como uma tentativa de punir o Brasil por sua posição em defesa dos palestinos, bem como para indispor o povo brasileiro com o ex-presidente Lula, que é visto como um aliado da causa palestina.

“O pessoal está punindo o Brasil, porque não solta os brasileiros de Gaza. Por que, companheiros? Porque ele quer punir o Brasil. Ele quer punir o governo do presidente Lula. Ele quer indispor o povo brasileiro contra o presidente Lula”, ressaltou Murad.

O discurso de Jamil Murad também instou a comunidade internacional a tomar medidas concretas em relação à crise na Palestina, incluindo ações comerciais e políticas que possam pressionar Israel a buscar uma solução pacífica para o conflito. Ele também pediu que o embaixador de Israel no Brasil seja cobrado por explicações sobre a violência e mortes de palestinos.

O líder do PCdoB, conhecido por seu ativismo e engajamento em questões sociais, concluiu seu discurso reforçando o compromisso de continuar a luta em prol da independência e liberdade do povo palestino. “A luta não vai parar agora, não vai parar esta semana. Se preparem, companheiros, nós vamos sair muitas vezes às ruas, e o povo palestino vai ter a sua pátria livre e independente”, enfatizou Jamil Murad.

O discurso também abordou as ações de Israel no conflito, condenando o que chamou de “genocídio” contra o povo palestino. Murad criticou as justificativas de Israel para as suas ações e sugeriu que Israel enfrentaria consequências pelas suas ações, especialmente de potências globais como os Estados Unidos.

Mohamad El Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino, reiterou a importância do apoio internacional à causa. “Hoje é um dia mundial de solidariedade à luta do povo palestino, que está sendo massacrado em Gaza e vamos superar todas as manifestações que temos feito até agora”, disse. Ele afirmou, ainda, que o fórum está articulando, com deputados latinos, norte-americanos e europeus, a visita de uma comitiva a Gaza. O objetivo é “romper o isolamento do povo palestino”.

Segundo a Federação Árabe-Palestina do Brasil, cerca de 60 mil imigrantes e refugiados palestinos vivem hoje no Brasil — e a maior parte deles mora na capital paulista.

Lideranças religiosas cristãs e muçulmanas hastearam bandeiras da Palestina e oraram pelas vítimas. Uma comovente performance reuniu mulheres vestidas com roupas ensanguentadas simulando serem mães de bebês mortos nos bombardeios.

A manifestação na Avenida Paulista serviu como uma demonstração de solidariedade ao povo palestino e um apelo à paz e ao fim da violência na região, reunindo ativistas e líderes políticos comprometidos com a causa palestina. A esperança é que esses esforços internacionais e a pressão política possam ajudar a alcançar uma solução pacífica e justa para o conflito no Oriente Médio.

Veja imagens dos atos pelo país

Pelas principais capitais do Brasil, os manifestantes empunhavam bandeiras da Palestina e levavam cartazes de protesto contra os ataques de Israel à Faixa de Gaza. Entre as mensagens, estavam pedidos de ‘cessar-fogo’, do ‘fim do genocídio’ e de boicote e sanções a Israel. O assassinado contínuo de crianças, superando o número de mortes em conflitos de todo o mundo nos últimos quatro anos, foi a maior lembrança em atos por todo o mundo.


Ato em Maceió (AL) reuniu representantes de organizações do campo e da cidade, no ato realizado no centro da cidade. Foto Mykesio Max / Comunicação MST


Em Brasília, os manifestantes se reuniram na Asa Norte, junto aos frequentadores de uma feira agroecológica criada em 2019 por assentados ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a Feira da Ponta Norte. Foto de Mateus Quevedo/MPA

Foto de divulgação da Embaixada Palestina em Brasília

Presente no ato da capital federal, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, disse à Agência Brasil que as recorrentes manifestações brasileiras de solidariedade têm sido muito importantes. “Estamos muito satisfeitos por esta expressão solidária do povo brasileiro, que sempre demonstrou estar e atuar à altura [dos desafios] quando se trata da [manutenção de uma] paz justa. Nós, palestinos, estamos precisando destas manifestações, de uma palavra, de um ato de solidariedade, para aliviar um pouco de nossa dor”, afirmou.

O embaixador também declarou que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem expressado o mesmo tipo de solidariedade ao povo palestino. “O presidente Lula não perde oportunidade de expressar seu apoio à paz, à justiça e [à necessidade de] uma solução pacífica”, disse.


Ato em solidariedade ao povo palestino em Recife (PE) / Vanessa Gonzaga

Cezar Xavier com informações do Brasil de Fato e Agência Brasil