Hospitais sob bombardeio não conseguem atender crianças feridas que não param de chegar | Foto: Mohamed Abed/AFP

“Estamos testemunhando um massacre de crianças [em Gaza] que não tem paralelo ou precedente em qualquer conflito desde que sou secretário-geral”, afirmou António Guterres, na segunda-feira (20), numa conferência de imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, na data em que a Organização e o mundo deveriam celebrar o Dia Internacional da Criança.

Guterres disse estar “profundamente chocado” porque como resultado dos ataques, “muitas mulheres e crianças morreram e ficaram feridas enquanto procuravam segurança nas instalações da ONU”, cujas premissas são “invioláveis”.

Os números registrados nesta quarta-feira (22) pelo Ministério da Saúde de Gaza, que são os utilizados pela ONU, elevaram a 14.180 a quantidade de civis mortos naquele território palestino, sitiado desde 7 de outubro.

Entre o total de mortes há mais de 5.840 crianças e 3.920 mulheres. Os números confirmados pelas autoridades de Gaza não incluem as mais de 6.000 pessoas desaparecidas e que se acredita estarem sob os escombros dos edifícios bombardeados.

Outras 31 mil pessoas ficaram feridas no conflito que deixa mais de 1,5 milhões de deslocados, a maioria habitantes do norte do enclave – a área mais afetada pelos ataques de Israel – que foram forçados a viajar em direção ao sul da Faixa de Gaza.

As declarações do líder da ONU ocorreram no contexto de um recente ataque do exército de ocupação israelense a duas escolas da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos no Próximo Oriente (UNRWA).

O Egito recebeu esta segunda-feira 28 crianças prematuras palestinas, das 31 que foram evacuadas do hospital al Shifa, na Faixa de Gaza, para receber tratamento naquele país, segundo informações do Crescente Vermelho.

Segundo informações da entidade, as crianças, com a saúde muito debilitada por falta de oxigênio e de cuidados médicos, atravessaram a passagem de Rafah, entre Gaza e o Egito, em ambulâncias palestinas e foram recebidas por equipes médicas do lado egípcio da fronteira.

SOLUÇÃO DOS DOIS ESTADOS

Quando questionado se foram cometidos crimes de guerra em Gaza, Guterres respondeu que não tinha mandato para fazer essa classificação, mas acrescentou que “denunciamos violações do direito humanitário internacional e da proteção de civis”.

Quanto ao caminho a seguir, foi enfático ao afirmar que não acredita que a solução para Gaza seja ser um protetorado da ONU e que, em vez disso, devemos “finalmente avançar de forma determinada e irreversível para a Solução de Dois Estados com os princípios há muito estabelecidos pela comunidade internacional”.

Fonte: Papiro