Foto: Gilson Abreu/AEN/PR

Sob efeito da política de juros altos do Banco Central (BC), a indústria brasileira segue sem avançar em suas atividades em 2023. Em setembro, a produção industrial nacional ficou estagnada, ao variar apenas 0,1% frente a agosto, já descontado as variações sazonais, segundo dados divulgados pelo IBGE, nesta quarta-feira (1º).

No acumulado do ano até setembro, a produção industrial está em queda de – 0,2% e, no acumulado em 12 meses ficou estagnada (0,0%). Frente a setembro de 2022, houve uma alta de 0,6%.

“Em linhas gerais, a taxa de juros elevada, mesmo com o movimento de redução verificado nos últimos meses, nos ajuda a entender esse comportamento do setor industrial, com influência direta sobre as decisões de investimento, por parte das empresas, e de consumo, por parte das famílias, afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo. “Para além disso, explica o crédito ainda caro e as elevadas taxas de inadimplência”, completou.

Na passagem de agosto para setembro, apenas uma das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo instituto apresentou algum crescimento na produção: Bens Intermediários (+0,3), interrompendo quatro meses consecutivos de queda, período em que acumulou uma perda de -1,4%. Ficaram no vermelho Bens de Capital (-2,2); Bens de Consumo Duráveis (-4,3) e Bens de Consumo Semiduráveis e não Duráveis (-1,4) – com o resultado negativo desses, Bens de Consumo marcou queda de -1%.

Em setembro, 20 dos 25 ramos industriais pesquisados apresentaram resultados negativos em suas produções, entre estes destacam-se: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,7%), máquinas e equipamentos (-7,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,1%). Juntos esses ramos “exerceram os principais impactos negativos, com a primeira interrompendo dois meses de alta, período em que acumulou ganho de 30,2%; e as duas últimas voltando a recuar após os avanços no mês anterior: 4,9% e 5,7%, respectivamente”, ressaltou o IBGE, em nota.

Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) volta a se reunir para definir os rumos da taxa básica de juros. A expectativa é que o Copom siga reduzindo a Selic a conta-gotas, em 0,5 ponto percentual apenas, mantendo os juros em níveis exacerbados e, assim, restringindo a oferta de crédito, inibindo o consumo de bens e serviços e mantendo o alto grau de endividamento e inadimplência das famílias e das empresas.

Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), “é imperativo um maior e mais rápido afrouxamento da Selic”. De acordo com a entidade, a atividade industrial do estado de São Paulo apresentou resultados negativos no terceiro trimestre de 2023. Frente ao trimestre anterior, as horas trabalhadas na produção retraíram 1,3%, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada caiu 0,5 ponto percentual e as vendas reais ficaram em -0,1%.

Fonte: Página 8