Foto: Marcello Casal Jr / Arquivo Agência Brasil

Um estudo divulgado na quinta-feira (16) mostra que 46,2% das moradias no Brasil tem algum tipo de privação no saneamento. O levantamento do Instituto Trata Brasil, “A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?”, faz um raio-X das famílias brasileiras que ainda padecem com esta situação.

A falta de água potável, banheiro, coleta e esgoto tratado afeta, em maior parte a população preta, parda e indígena. Entre as regiões brasileiras, o Nordeste é o que tem a maior falta desses serviços.

A pesquisa levou em consideração o total de 74 milhões de moradias, dentre elas 8,9 milhões não possuem à rede de água. Outros 16,8 milhões de moradias tem frequência insuficiente de água, 10,8 milhões não possuem reservatório de água, 1,3 milhão não possuem banheiro e 22,8 milhões não contam com coleta de esgoto.

Para se chegar aos dados foram utilizadas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada Anual (PNADCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022.

Ao considerar os 5 tipos de privação – (1) acesso à rede geral de água, (2) frequência insuficiente de recebimento de água potável, (3) disponibilidade de reservatório, (4) privação de banheiro, e (5) privação de coleta de esgoto -, o estudo mostra que que 53,8% dos domicílios brasileiros não têm nenhuma privação; 25,2% tem uma privação; 9,9% duas privações; 9,3% três privações; 1,4% quatro privações; e 0,4%, cinco privações. É neste computo que é destacado que 46,2% das moradias brasileiras têm pelo menos uma privação.

Nordeste

Esta situação alarmante, que impacta na saúde da população é mais grave no Nordeste. O Trata Brasil coloca que 35% das moradias com privação de acesso à rede de água estava nos estados do Nordeste brasileiro, um total de 3,117 milhões de residências em 2022.

Entre os estados nordestinos, a maior concentração de moradias com essa privação estava na Bahia, em Pernambuco e no Maranhão. Na região, cerca de 17 a cada 100 moradias ainda não estava ligada à rede geral de abastecimento de água tratada.

Estados

As populações mais afetas pela falta de acesso à rede geral de água são: Pará (3,9 milhões de pessoas), seguido de Minas Gerais (2,3 milhões), Bahia (2,1 milhões), Pernambuco (1,8 milhão) e Rio de Janeiro (1,7 milhão). O estudo mostra ainda que 9,8% dos brancos são afetados pelo problema; 11,1% dos pretos; 9,6% dos amarelos; 15,9% dos pardos, e 18,9% dos indígenas.

Já o abastecimento irregular de água atinge mais pessoas no Pernambuco (6,3 milhões), seguido da Bahia (5,6 milhões), Pará (4,6 milhões), Rio de Janeiro (4,5 milhões), Minas Gerais (3,8 milhões) e São Paulo (3,3 milhões). De acordo com os dados, 17,9% da população branca é afetada pelo problema; 24,3% da preta; 20,4% da amarela; 29,5% da parda; e 32,5% da indígena.

A privação de acesso à rede geral de abastecimento de água é mais presente entre as pessoas autodeclaradas pardas, 56,7% do total. Já para a população autodeclarada branca 32,8%, a autodeclarada preta 9,2%.

A privação da disponibilidade de reservatório de água afeta mais pessoas no Rio Grande do Sul (4,7 milhões de pessoas), seguido de São Paulo (3,8 milhões), Pará (2,7 milhões), Paraná (2,2 milhões), e Maranhão 2,1 (milhões). Segundo o levantamento, 12,4% dos brancos enfrentam o problema; 16,5% dos pretos; 11,5% dos amarelos; 17,2% dos pardos, e 22,7% dos indígenas.

Já a privação de banheiro atinge maior população no Pará (983,5 mil pessoas), Maranhão (916,1 mil), Bahia (540 mil), Amazonas (353,9 mil), e Piauí (335,5 mil). O problema afeta 0,7% dos brancos; 2,1% dos pretos; 1,9% dos amarelos; 3,4% dos pardos; e 5,1% dos indígenas.

A falta da coleta esgoto é mais aguda no Pará, onde 7,02 milhões de pessoas enfrentam o problema; seguido da Bahia (6,4 milhões de pessoas), Maranhão (5,4 milhões), Ceará (4,4 milhões), e Minas Gerais (4,07 milhões). A falta de coleta de esgoto atinge 24,2% dos brancos, 31% dos pretos; 24,8% dos amarelos; 40,9% dos pardos, e 44,6% dos indígenas.

Linha da pobreza

Ainda foi identificado que 70,2% da população morando em habitações sem acesso à rede de distribuição de água tratada estava abaixo da linha de pobreza em 2022.

Foi considerado abaixo da linha de pobreza quem mora em um domicílio cuja renda per capita foi inferior a R$ 417,45 por mês, conforme a definição do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), um rendimento diário de R$ 13,92.

*Informações Agência Brasil e Trata Brasil