Shahed al-Banna de 18 anos na delegação de 32 brasilerios resgatados | Foto: Tom Costa/MJSP

O Ministério da Justiça e Segurança Pública vai determinar à Polícia Federal que investigue as ameaças feitas aos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza e foram repatriados pelo Brasil no início desta semana. A informação é de Mônica Bérgamo, colunista da Folha de S. Paulo.

Grupos fascistas e apoiadores do massacre da população civil de Gaza por Israel estão ameaçando os brasileiros que foram trazidos de volta pelo governo do presidente Lula. A defesa de Hasan Rabee, um dos integrantes do grupo de repatriados, relata que apenas ele já recebeu mais de 200 mensagens de diferentes grupos de extrema direita desde que chegou ao país.

A decisão do Ministério da Justiça foi tomada nesta quinta-feira (16) pela Secretaria Nacional de Justiça, comandada por Augusto de Arruda Botelho e coordena a operação de acolhimento do grupo. A pasta diz que “as denúncias estão sendo apuradas e serão encaminhadas para a investigação da Polícia Federal”.

Ameaças de morte, calúnia e injúria racial foram alguns dos conteúdos identificados, segundo a advogada Talitha Camargo da Fonseca, representante de Hasan.

“Vagabundo safado, te dou um pau se eu te encontrar na rua”, diz uma das mensagens enviadas a Hassan e compartilhadas com o Ministério dos Direitos Humanos. “Terrorista filha da p*, espero que você não venha para Florianópolis, seu m*”, “volte pra lá [Faixa de Gaza] e aguente as consequências”, “não queremos terroristas no Brasil”, “vaza lixo terrorista”, afirmam outras.

A defesa de Hasan disse que irá processar todos aqueles que o procuraram por meio de suas redes para atacá-lo e ameaçá-lo.

A deputada Carla Zambelli também deverá ser acionada na Justiça. De acordo com a advogada, muitos dos perfis que dispararam os ataques aparentam ser reais, e não de robôs ou de contas falsas. Prints e informações sobre todas elas serão apresentados à Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil em São Paulo para que os dados pessoais sejam apurados. As empresas responsáveis pelas redes sociais serão acionadas.

“Nós vamos processar. É inadmissível que exista impunidade. Cada vez que há impunidade, essas pessoas se sentem mais empoderadas [em promover ataques]. Hoje é a família do Hasan, mas deve sair uma segunda lista [de futuros repatriados]. E essas pessoas que estão vindo, também vão passar por isso?”, afirmou Talita Fonseca.

Na quinta-feira (16), a defensora formalizou um pedido ao Ministério dos Direitos Humano e da Cidadania (MDHC) para que o brasileiro-palestino, Hasan Rabee, e sua família sejam incluídos no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH). Camargo também irá solicitar ao Ministério da Justiça a concessão de escolta policial para eles.

Fonte: Página 8