O deslocamento forçado de palestinos em Gaza tem que parar, afirmou Ryad Mansur | Foto: Devra Berkovich/ONU

“A urgência é salvar vidas, acabar com a matança, acabar com o deslocamento forçado, permitir a entrada de ajuda humanitária e garantir o acesso humanitário, proteger os civis e a infraestrutura civil”, proclamou durante reunião do Conselho de Segurança o representante da Palestina na ONU, Ryad Mansur.

Alertando que “aquilo que está acontecendo terá efeitos a longo prazo que ninguém deve subestimar”, Mansur conclamou os representantes dos países com assento no CS da ONU a “parar de fingir que não ouvimos o que esse governo [de Israel] está dizendo”.

“Seu plano”, advertiu, “é a contínua desapropriação, deslocamento e negação dos direitos do povo palestino. Para completar a Nakba [referindo-se ao que os palestinos chamam de ‘Catástrofe’, o deslocamento sob bala e terror, de quase um milhão de palestinos de seus lares e aldeias]”.

“Essa loucura deve acabar”, enfatizou, assinalando que o plano de Israel por mais ocupação, agora em Gaza, sob o deslocamento forçado de mais de um milhão de palestinos, foi revelado em abertas declarações, memorandos vazados, discursos no Knesset, parlamento de Israel, e artigos de opinião.

Riyad Mansur, falou durante a votação da primeira proposta de resolução aprovada no CS da ONU, no dia 15, depois de cinco tentativas frustradas pelo veto sistemático dos Estados Unidos.

A resolução que pede pausas no bombardeio por períodos prolongados e seguidas da entrada de ajuda humanitária aos palestinos sob cerco em Gaza, foi aprovada por 12 votos a favor e três abstenções (EUA, Inglaterra e Rússia). Ryad afirmou ainda que o Conselho de Segurança já deveria ter convocado um cessar-fogo. O Conselho “deveria ter atendido ao apelo da ONU e de todas as organizações humanitárias da Terra que apelam a um cessar-fogo humanitário”, ressaltou Mansour. “Devia pelo menos ter ecoado o apelo da Assembleia Geral para uma trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada que conduzisse à cessação das hostilidades”, frisou.

“Queremos salvar vidas”, assegurou o representante palestino após a votação do projeto apresentado pela missão de Malta. “Esta resolução é um pequeno passo na direção certa, um pequeno passo em direção a um cessar-fogo, queremos um cessar-fogo. Não cederemos, não pararemos até vermos o cumprimento das resoluções e o fim dos ataques bárbaros israelenses”. A manutenção da agressão israelense, enfatizou o palestino, “é um fracasso da humanidade de magnitude terrível”.

ACABAR COM A MATANÇA

“O Conselho está finalmente agindo hoje sobre uma resolução humanitária centrada nas crianças”, disse sobre a resolução que prevê quatro pontos em destaque:

1. Proteção de crianças no conflito iniciado em 7 de outubro;

2. Pausas humanitárias de dias (sem especificar quantos) para o estabelecimento de corredores humanitários em toda a Faixa de Gaza, assegurando serviços básicos e ajuda para a sobrevivência de quem mora no território palestino;

3. Facilitar o fornecimento contínuo, suficiente e sem entraves de bens e serviços essenciais – incluindo água, eletricidade, combustível, alimentos e suprimentos médicos;

4. Liberação dos reféns tomados pelo Hamas.

Porém, os problemas, de longe, não param nesses pontos e Mansour enumerou alguns dos que faltam ser incluídos no projeto aprovado: “Se vamos falar das condenações que faltam na resolução, permitam-me que lhes lembre as seguintes: a resolução não condenou os métodos racistas e repugnantes de propaganda israelita ridicularizados em todo o mundo e que constituem um insulto à nossa inteligência. Não condenou a prisão arbitrária de milhares de palestinos, homens, mulheres e crianças, nem apelou à sua libertação imediata e incondicional. Não condenou o ataque a hospitais e escolas. Não condenou o assassinato, por parte de Israel, de funcionários da ONU, jornalistas, pessoal humanitário, médicos, equipes de resgate. A resolução não condenou o assassinato por parte de Israel de mais 11.000 palestinos, na sua maioria civis, incluindo 5.000 crianças palestinas. Não condenou os ataques indiscriminados de Israel”.

Fonte: Papiro