Foto: Tania Rego/Agência Brasil

Até 2050, as mortes resultantes do calor extremos podem crescer quase cinco vezes em todo o mundo, um reflexo direto das severas mudanças climáticas pelas quais o planeta vem passando. O alerta foi feito em um relatório que reuniu mais de 52 instituições de pesquisa e agências da ONU. 

Para chegar nesse cenário, o documento, publicado na revista médica The Lancet, considera a possibilidade de um aumento médio da temperatura de dois graus Celsius na comparação com o período pré-industrial.

O calor extremo expõe especialmente as populações de idade mais avançada, bem como os bebês. Essas faixas estão ainda mais vulneráveis por terem de enfrentar o dobro de dias de ondas de calor do que havia entre 1986 e 2005. No caso dos idosos, desde a década de 1990, o número de pessoas acima dos 65 anos que perderam a vida devido às altas temperaturas já aumentou 85%. 

“Perdemos anos muito preciosos de ação climática e isso teve um custo enorme para a saúde”, disse Marina Romanello, diretora-executiva do relatório, conhecido como The Lancet Countdown.

Outro dado alarmante diz respeito à relação entre a crise climática e a fome. Somente em 2021, estima-se que 127 milhões de pessoas a mais tenham vivido graus de insegurança alimentar de moderada a grave, quadro que pode piorar muito com o aumento da temperatura. 

Em meio a tantas constatações trágicas, ao menos uma é positiva: de acordo com o estudo, mortes por poluição do ar relacionada a combustíveis fósseis diminuíram 15% desde 2005. 

Relatório ONU

Outra análise sobre as mudanças climáticas, contida em relatório da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC), divulgado em função da realização da COP28 — a ser realizada entre 30/11 e 12/12 em Dubai —, aponta que os planos nacionais de ação climática continuam insuficientes para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius.

Mesmo com o aumento dos esforços de alguns países, o documento mostra que ações contundentes são necessárias agora para reduzir a trajetória das emissões mundiais e evitar os piores impactos da mudança climática.

De acordo com a ONU, as evidências científicas mais recentes compiladas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que as emissões de gases de efeito estufa precisam ser reduzidas em 43% até 2030, em comparação com os níveis de 2019. Isso é fundamental para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius até o final deste século e evitar os piores impactos da mudança climática, inclusive secas, ondas de calor e chuvas mais frequentes e severas.

“O relatório mostra que os governos, juntos, estão dando passos tímidos para evitar a crise climática. E revela por que os governos precisam dar passos decisivos na COP28 em Dubai, para entrar no caminho certo. Isso significa que a COP28 deve ser um ponto de virada claro. Os governos não só devem concordar sobre quais ações climáticas mais robustas serão tomadas, mas também começar a mostrar exatamente como implementá-las”, salientou Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC. 

Com agências

(PL)