Foto: Angela Weiss/AFP

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, denunciou nesta quarta-feira (29) no Conselho de Segurança da ONU que Israel está causando um “horror sem precedentes” em Gaza e destruindo a região em “com níveis inaceitáveis de violência”.

“O número de vidas civis perdidas ultrapassa 14 mil. Os números de deslocamento são impressionantes, atingindo quase 1,7 milhão de pessoas, ou 80% da população de Gaza. Um número estimado de 41.000 casas foi destruído ou gravemente danificado. Um total de 18 hospitais foram fechados”, declarou.

‘A Faixa de Gaza tem sofrido com níveis inaceitáveis de violência. Mais de cinco mil crianças faleceram. Ouvimos Catherine Russell, Diretora da UNICEF, afirmar inequivocamente que “a Faixa de Gaza é o lugar mais perigoso do mundo para ser uma criança”.

“Estamos chocados com a espiral de violência e a perda intolerável de vidas inocentes”, destacou o chanceler brasileiro.

O representante brasileiro pediu união entre os países para que o Conselho de Segurança consiga ter uma posição para atuar em defesa da paz e na proteção de civis.

“Enquanto estamos chocados com a espiral de violência e a perda intolerável de vidas inocentes (…) e enquanto nos preocupamos com a possibilidade concreta de um transbordamento regional, também temos de responsabilizar o Conselho de Segurança, no que tange à sua principal obrigação de manter a paz e a segurança internacionais”, continuou Mauro Vieira.

“A situação no Oriente Médio, inclusive a Questão Palestina, no entanto, é uma das mais vetadas no Conselho de Segurança. Esse registro é um testemunho infeliz de que frequentemente discordâncias triunfam sobre interesses comuns neste órgão”.

Os Estados Unidos vetaram uma resolução apresentada pelo Brasil, quando este ocupava a Presidência do Conselho de Segurança, que exigia um cessar-fogo na região.

“Este Conselho e a comunidade internacional devem unir forças para garantir o fim da violência”, acrescentou.

O chanceler falou que a trégua entre Israel e o Hamas é uma “centelha de esperança” a qual devem se agarrar os países que defendem a paz.

Mauro Vieira disse que “enterrar a solução de dois estados é enterrar qualquer perspectiva de paz”.

“Um Estado da Palestina viável, convivendo lado a lado em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente aceitas e internacionalmente reconhecidas é o cumprimento da autodeterminação palestina, mas também o mais crucial interesse dos países amantes da paz”, apontou.

“As aspirações legítimas dos palestinos e israelenses por paz e segurança em seus próprios países não podem mais ser ignoradas ou negligenciadas”, concluiu.

Na reunião desta quarta-feira (29) do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez uma fala atualizando os dados de mortos pela guerra e pedindo proteção para a população e infraestrutura civil.

“Em questão de semanas, mais crianças foram mortas pela operação militar de Israel em Gaza do que no total de crianças mortas em qualquer ano, em qualquer conflito”, comparou.

Guterres ainda contou que 111 funcionários da ONU em Gaza foram assassinados por Israel e que esse é o “maior número da história”.

“Civis, incluindo funcionários da ONU, devem ser protegidos; estruturas civis, incluindo hospitais, devem ser protegidos”, assinalou.

Fonte: Página 8