Palestinos deixam seus lares em Gaza forçados pelas bombas de Israel | Foto: Wafa

O ministro da Agricultura de Israel, Avi Dichter, que também é membro do Gabinete de Segurança, declarou publicamente que o país está “realizando a Nakba de Gaza” para conseguir controlar o território.

A Nakba, “catástrofe” ou “desastre” em Árabe, se refere à expulsão de centenas de milhares de palestinos de suas terras em 1948, quando Israel atacou e destruiu 500 aldeias, cidades e bairros árabes espalhando o terror pelo território que conquistavam as suas forças Hadanah, Palmach, além das milícias terroristas Irgun, Etzel e Lechi durante a implantação de Israel.

Em entrevista, Avi Dichter afirmou que “nós estamos agora realizando a Nakba de Gaza”.

Justificando a massacre, acrescentou que “do ponto de vista operacional, não há forma de travar uma guerra – como as IDF [Forças de Defesa de Israel] pretendem fazer em Gaza – com massas entre os tanques e os soldados”.

Novamente confrontado com a defesa de uma nova Nakba, Dichter insistiu: “Nakba de Gaza em 2023. É assim que vai acabar”.

Quando o ministro de Israel foi questionado se os palestinos poderão, segundo seus planos, voltar a reocupar o território que abandonaram – em especial no norte de Gaza – sob pressão, ameaças e bombas, disse que “eu não sei como isso vai acabar acontecendo já que a cidade de Gaza é um terço da Faixa de Gaza – metade da população, mas um terço do território”.

REPETIR A LIMPEZA ÉTNICA COMO EM 1948

Diante da fatídica Nakba de 1948, a Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução, de número 194, reconhecendo o direito dos palestinos de voltarem para o território que lhes fora roubado, mas isso nunca aconteceu.

No último mês, Israel forçou centenas de milhares de palestinos a rumarem em direção ao sul da Faixa de Gaza, mas não garantiu qualquer segurança. Inclusive, um comboio de civis que estava indo para o sul foi atacado, resultando na morte de 70 pessoas.

A intenção expressa pelo governo israelense é que mais de 1 milhão de palestinos deixem a região norte da Faixa.

Um documento vazado do Ministério da Inteligência de Israel descreve o plano de limpeza étnica do território de Gaza, expulsando sua população para “uma cidade de tendas” no deserto do Sinai.

O documento recomenda que Israel aja para “evacuar a população civil para o Sinai” durante a guerra; estabeleça cidades de tendas e, posteriormente, cidades mais permanentes no norte do Sinai que absorverão a população expulsa; e, em seguida, crie “uma zona estéril de vários quilômetros (…) dentro do Egito, e [impeça] o retorno da população para atividades/residências perto da fronteira com Israel”.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi confrontado com as afirmações feitas por seu ministro e reconheceu que seu objetivo é ter “controle total da segurança, com a capacidade de entrar sempre que quisermos para eliminar quaisquer terroristas que surjam”.

Fonte: Papiro