Manifestação denuncia falta de energia elétrica e privatização
Em uma mobilização realizada na Avenida Paulista, na tarde desta segunda-feira (6), ocorreu uma mobilização de entidades em protesto contra a falta de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo e a privatização da prestação desse serviço essencial. O ato relâmpago expressou solidariedade com mais de um milhão de paulistanos que passam desde a sexta-feira (3) sem energia elétrica, acumulando prejuízos no comércio e nos alimentos em casa. Até hospitais tiveram dificuldades para manter serviços. A previsão da empresa é que toda a população afetada, que chegou a 2,1 milhões no pico de desabastecimento, tenha energia até amanhã, cinco dias depois.
O ato, que reuniu representantes de entidades preocupadas com a situação de mais de um milhão de cidadãos que, após quatro dias, ainda enfrentam a falta de eletricidade na maior cidade da América Latina, teve como objetivo primordial demonstrar solidariedade a essa parcela da população. O Portal Vermelho apurou a presença de representantes da Facesp (associações comunitárias), MDM (Direito à Moradia), PCdoB, Unegro, CMB, Bancada Feminista da ALESP, Sindicato dos Condutores, Movimento Urbano Cidade Saudável – PUCS, Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, UBM (Mulheres), CTB (Central Sindical), Bancada Feminista PSOL Sílvia, Gabinete do mandato do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), Gabinete da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP) e Sindificot (fiscalização e inspeção).
O dirigente municipal do PCdoB, Alcides Amazonas, que teve a iniciativa da mobilização minimizou o papel da natureza como a causa de tais problemas. Ventos fortes e chuvas podem, de fato, ocasionar interrupções no fornecimento de energia elétrica, mas ele enfatizou que a iniciativa privada, que prioriza o lucro em detrimento da preparação para enfrentar situações como essas, é o verdadeiro problema. Após um temporal que causou distúrbios na rede elétrica por toda a cidade, a Enel se mostrou totalmente despreparada para retomar o fornecimento do serviço.
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O dirigente do PCdoB ressaltou que serviços essenciais como energia, transporte público, segurança pública, saúde e educação devem ter a presença forte do Estado, para que possam atender a parcela da população que não pode pagar tarifas exorbitantes. Ele afirmou que o serviço público, sob o controle do poder público, deve ter um contingente de reserva para lidar com situações de emergência e catástrofes. No entanto, o que se noticia é a demissão constante de trabalhadores em empresas privatizadas como a Enel, precarizando a prestação do serviço.
“Como é que pode uma cidade do tamanho de São Paulo já estar há quatro dias e com mais de um milhão de pessoas às escuras, sem nenhuma perspectiva? A culpa não é de São Pedro, não. A culpa é do seu Tarcísio. A culpa é da Enel. Eles é que são culpados, porque o poder público, a Prefeitura, o governo do estado, têm o poder de fazer a fiscalização, de fiscalizar o contingente de trabalhadores para ver se é suficiente para atender uma situação de catástrofe como nós vivemos recentemente. Portanto, não tem justificativa. É ineficiência, é falta de gestão, é apenas pensando no lucro”, declarou Amazonas.
Ele também lançou críticas à empresa Enel, que recentemente demitiu 36% de seu quadro de funcionários, afirmando que tal decisão era motivada por busca de lucro. Os colaboradores da Enel caíram de 23.385 para 15.366 em quase quatro anos, apesar do aumento de 7% nos consumidores atendidos. Os dados consideram os empregados da própria empresa e os terceirizados. O dirigente do PCdoB destacou que essa mentalidade de lucro acima de tudo leva a uma falta de preparação e de atendimento adequado em situações de crise.
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A energia elétrica é apenas uma das áreas afetadas pela onda de privatização que tem avançado no estado de São Paulo. Várias lideranças sociais enfatizaram que se não houver resistência, “se a população de São Paulo não se juntar àqueles que são contra esse programa de privatização do Estado”, amanhã a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) será a Enel de hoje. Eles alertaram que, se não houver resistência e pressão popular, a situação atual poderá se repetir com a iminente privatização da Sabesp, que tramita no parlamento estadual.
Houve muitas demonstrações de solidariedade aos cidadãos que estão sofrendo com a falta de energia e responsabilizaram o governador do estado de São Paulo por essa situação crítica. Os movimentos sociais presentes instaram a população a se unir contra o processo de privatização que ameaça serviços públicos essenciais e a qualidade de vida dos paulistanos.
A manifestação na Avenida Paulista serviu como um grito de indignação contra a negligência na prestação de serviços públicos e como um apelo à preservação dos direitos do povo e ao controle estatal dessas áreas vitais para a sociedade.
(por Cezar Xavier)