Israel admite ter sequestrado diretor do Al Shifa para interrogatório | Foto: Reprodução

A Rádio Israel afirmou que a prisão do diretor do Hospital Al Shifa, Muhammad Abu Salamiya, pelas tropas de ocupação israelenses, foi estendida por 45 dias. Sob acusação de “auxiliar o inimigo”, Salmya está sendo submetido ao interrogatório, segundo admite a força de ocupação.

Salamyia, que dirige o maior hospital da cidade de Gaza, o Al Shifa – que foi atacado e invadido pela tropa de ocupação na semana anterior -, foi sequestrado na quarta-feira (15) de uma caravana de evacuação de 190 pacientes, sob égide da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estava a caminho do sul de Gaza.

Antes da partida, como foi negociado, o comboio da OMS, que incluía 14 ambulâncias, dois ônibus da ONU e várias equipes médicas, passou por uma checagem dos israelenses na cidade de Gaza e liberado para prosseguir.

No meio do caminho para o sul, o comboio da OMS foi bloqueado, os israelenses prenderam Salamiya e mais cinco médicos, e a viagem acabou por demorar 20 horas, pondo em risco a vida dos feridos.

A prisão arbitrária de Salamiya foi repudiada veementemente pelo ministério da Saúde palestino e pelo Hamas, que pediram à Cruz Vermelha Internacional e outras organizações humanitárias que atuassem para sua “libertação imediata”.

A OMS exigiu de Israel o respeito aos “direitos legais e humanos” do diretor do hospital Al-Shifa, Salamiya, e mais quatro médicos, que seguem cativos. Dois dos presos no comboio da OMS foram liberados.

Porta-voz da ocupação, Doron Spielman, não escondeu o objetivo da provocação: acusar Salamiya de, à frente do maior hospital da cidade de Gaza, “estar sentado em cima de toda uma rede terrorista”. “Como ele poderia não saber?”

Provocação que visa arrumar uma folha de parreira para esconder os crimes de guerra, genocídio e limpeza étnica que Israel vem cometendo em sua investida colonial contra Gaza, e em especial, os abjetos ataques a hospitais.

O cerco, assalto e invasão do Hospital Al Shifa, o maior da cidade de Gaza, por tropas de ocupação israelense causou horror no mundo inteiro, com o secretário para Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, clamando que “é inaceitável tornar o Al Shifa em campo de batalha”.

O mundo presenciou bebês prematuros, fora das incubadoras, que já não funcionavam, por falta de combustível e de eletricidade, lado a lado, sobre uma manta metalizada, na tentativa de mantê-los aquecidos e vivos. Médicos tendo de operar crianças sem anestesia, porque falta tudo nos hospitais sob o cerco israelense.

Um assalto ainda mais horrendo tendo em vista que milhares de palestinos expulsos de seus lares tinham se abrigado exatamente no Al Shifa para escaparem do bombardeio.

ENCENAÇÃO

Após a invasão e ordem de evacuação dos pacientes, os soldados israelenses se prestaram a uma encenação, tentando justificar os crimes de guerra de Israel contra uma dezena de hospitais lotados de feridos e de gente deslocada pelas bombas e mísseis, de que seriam, na verdade, reduto dos “terroristas”.

As tentativas de fabricar um “flagrante” sobre um suposto “centro de comando do Hamas” operando “sob o hospital” acabaram por cair no ridículo denunciado até por veículos de mídia ocidental.

Como o famoso caso do vídeo das armas, que tinha duas versões, uma mostrando um fuzil e, outra, mostrando dois.

Parece que o encenador achou que a história do “comando do Hamas no hospital” com um fuzil só não ia colar e refez para plantar duas. Até os jornalistas da BBC repararam e acharam que não dava para ser cúmplice da farsa.

Fonte: Papiro