Ambulâncias e hospitais estão entre os alvos preferenciais da agressão israelense | Foto: Reprodução

A organização não governamental norte-americana Human Rights Watch (HRW) [Observatório dos Direitos Humanos] pediu a investigação como crimes de guerra dos ataques israelenses aos hospitais de Gaza, disse Kayum Ahmed, conselheiro especial da HRW para o direito à saúde.

“O ataque generalizado de Israel ao sistema de saúde de Gaza é um ataque aos doentes e feridos, aos bebês em incubadoras, às mulheres grávidas e aos pacientes com câncer. Estas ações devem ser investigadas como crimes de guerra”, sublinhou Ahmed.

Nos últimos dias, o exército israelense desencadeou uma verdadeira “guerra aos hospitais” na cidade de Gaza, inclusive ao maior do enclave, o Al Shifa. Antes, um ataque ao hospital Al Ahli havia provocado a morte de quase 500 civis.

No Al Shifa, que virtualmente foi posto fora de operação, 36 prematuros estão com a vida por um fio, e três já morreram. Os ataques não pouparam sequer hospitais pediátricos ou contra o câncer, nem ambulâncias ou paramédicos.

Ahmed denunciou que “os repetidos ataques” de Israel, que causaram danos a hospitais e prejudicaram profissionais de saúde, já fortemente afetados por um bloqueio ilegal, “devastaram a infraestrutura de saúde de Gaza”.

Segundo o conselheiro da HWR, “os ataques a hospitais mataram centenas de pessoas e colocaram muitos pacientes em sério risco, porque não podem receber cuidados médicos adequados”.

No domingo (12) a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou “pelo menos 137 ataques aos cuidados de saúde em Gaza” nos últimos 36 dias, resultando na morte de 521 pessoas, incluindo 16 trabalhadores médicos.

Em relação à alegação das tropas de ocupação de Israel de “uso cínico” de hospitais pelo Hamas, a organização disse que “nenhuma evidência apresentada justificaria privar hospitais e ambulâncias do seu estatuto protegido pelo direito internacional humanitário”.

Quanto à ordem de evacuação emitida por Israel para 22 hospitais no norte de Gaza, a ONG sublinhou que “não teve em conta os requisitos específicos” para isso, nomeadamente a segurança dos pacientes e do pessoal médico.

“O governo israelense deve cessar imediatamente os seus ataques ilegais a hospitais, ambulâncias e outras instalações civis, bem como o seu bloqueio total à Faixa de Gaza, o que equivale a uma punição coletiva que constitui um crime de guerra”, reiterou a Human Rights Watch.

A ONG pediu ao Hamas e outros grupos armados palestinos que “tomem todas as precauções possíveis para proteger os civis” sob o seu controle dos efeitos dos ataques e instou a não usar os civis como “escudos humanos” – historicamente uma atribuição feita pelas potências coloniais sempre que se depararam com quem resistia.

A Human Rights Watch propôs levar o assunto à Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado, incluindo Jerusalém Oriental, e ao Tribunal Penal Internacional.

A HWR também exortou os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha e outros países a suspenderem a assistência militar e a venda de armas a Israel, bem como a exigirem que restaure o fornecimento de água e eletricidade a Gaza e permita a entrada de combustível e ajuda humanitária.

Fonte: Papiro