Foto: Itamaraty Brasil

Já era esperado uma mudança na retórica no discurso do governo eleito na Argentina. No entanto, a mudança do próximo presidente Javier Milei tem acontecido de forma rápida, ao que muitos atribuem a uma sobrevivência política, sendo que o discurso ultraliberal adotado não encontra plausabilidade no mundo real.

Parte dessa mudança ficou evidente neste domingo com a presença da futura chanceler escolhida por Milei, Diana Mondino, ao Brasil. Ela se encontrou no Itamaraty com o chanceler brasileiro Mauro Vieira e entregou um convite para que o presidente Lula compareça à posse do presidente eleito na Argentina, em 10 de dezembro.

A situação é especificamente polêmica pela possível presença de Bolsonaro – convidado antes por Milei – que deve estar presente na ocasião. O caso gerou mal-estar e fez com que Milei, que já falou que cortaria relações com o Brasil, acenasse posteriormente a Lula ao dizer que ele seria “bem-vindo” à posse.

Porém agora o convite foi feito oficialmente e de forma presencial, o que demonstra um esforço do governo eleito no sentido de um entendimento, pois a relação entre os países é estratégica. Milei e Mondino querem que Lula reavalie a situação e compareça na cerimônia na Casa Rosada ao invés de enviar algum representante diplomático ou o vice-presidente Geraldo Alckmin.

A viagem foi preparada sem alarde pelos embaixadores de cada país, sendo que o encontro não estava em nenhuma agenda pública previamente anunciada.

De acordo com as redes sociais do Itamaraty: “A deputada eleita e Chanceler designada pelo governo Milei, Diana Mondino, encontra-se em Brasília, para reunião de trabalho com o Ministro Mauro Vieira. Na ocasião, entregou convite do Presidente eleito Javier Milei para que o Presidente Lula participe da sua posse, em 10/12. Discutiram também aspectos da relação bilateral e o atual estágio das negociações Mercosul-UE. Reunião foi acompanhada pelos embaixadores do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, e da Argentina em Brasília, Daniel Scioli”.

Resta agora o governo brasileiro avaliar as alternativas e observar se os acenos de Milei se sustentam em longo prazo.