Foto: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

No mês de setembro, a produção industrial brasileira variou 0,1% sobre o resultado de agosto. O desempenho raquítico refletiu a redução de 1,1% do parque industrial de São Paulo, o maior do país, detendo 33% da produção nacional, cuja queda aconteceu principalmente nos setores de alimentos e de veículos automotores. Os dados divulgados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional do IBGE, na quarta-feira (8).

Dos 15 locais analisados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, apenas cinco deles tiveram avanços, com destaque para o estado do Pará com variação positiva de 16,1%, seguido pelo Rio de Janeiro (3,1%), Ceará (2,2%), Paraná (1,8%) e Goiás (1,2%). Minas Gerais ficou estagnada em 0,0%.

Os recuos mais intensos foram em Pernambuco (-12,8%), Amazonas (-6,1%), Rio Grande do Sul (-5,4%) e Região Nordeste (-5,2%). Os demais resultados negativos foram no Espírito Santo (-4,8%), Mato Grosso (-4,3%), Bahia (-3,0%), São Paulo (-1,1%) e Santa Catarina (-0,2%).

“Continuamos com a leitura de um comportamento gradual e moderado da indústria, no qual observamos um arrefecimento na produção, ocasionado por fatores como os juros elevados, o que leva ao encarecimento do crédito e diminuição da linha de crédito e diminui as decisões de investimentos por parte dos produtores. Fatores esses que também ocasionam uma cautela na tomada de decisão na parte das famílias, afetando o consumo”, avalia o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.

“Vale salientar que esse comportamento da indústria paulista representa uma queda de ritmo gradual e conseguimos ver esse comportamento refletido também na indústria nacional. Essa queda de ritmo é possível ser observada quando comparamos com o patamar pré-pandemia”, completou

“Em setembro, observamos que São Paulo registrou taxa 1,6% abaixo do pré-pandemia, em fevereiro de 2020. Isso é explicado justamente pelos fatores que citamos anteriormente para a indústria nacional, que acabam acarretando um comportamento mais cauteloso e moderado nas tomadas de decisões por partes dos produtores”, explica Almeida.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) destaca que São Paulo, ao longo do ano, “acumula sucessivas retrações desde o primeiro trimestre de 2023. Agora em jul-set/23 registrou -0,5% ante jul-set/22, devido a quedas intensas em ramos de maior intensidade tecnológica: -23% em eletrônicos e informática, -13,8% em veículos, -12,2% em máquinas e equipamentos e -12,1% em farmacêuticos e farmoquímicos”.

A segunda maior alta veio do Rio de Janeiro, apresentando índice de 3,1%. Merece destaque que tanto Pará como Rio de Janeiro tiveram no setor extrativo a principal influência no crescimento. O primeiro por conta da mineração e o segundo no setor de petróleo e gás natural.

No acumulado do ano, a produção brasileira apresentou variação de -0,2%, resultado negativo acompanhado por oito dos 18 locais. Já o acumulado em 12 meses mostrou variação nula (0,0%), com 8 dos 15 locais investigados registrando taxas positivas.

O IEDI, na avaliação da produção industrial brasileira, que antecedeu a PIM Regional, manifestou sua decepção sobre os números do setor assim se posicionando.

“O mês de setembro de 2023 foi ainda pior do que sugere a variação de +0,1% no agregado industrial”, assinalou. “Sem forças, em muito exauridas pelas elevadas taxas de juros praticadas no país, e sem bases de comparação favoráveis, já que a morosidade não é de agora, os resultados trimestrais não deixam dúvida sobre o quadro de estagnação em 2023”, avaliou o IEDI.

A PIM Regional produz, desde a década de 1970, indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação.

Fonte: Página 8