Foto: Gilson Abreu/AEN-PR

O Monitor do PIB-FGV indica estagnação da atividade econômica no terceiro trimestre (julho, agosto e setembro) deste ano na comparação com o segundo trimestre (abril, maio e junho), ou seja, teve uma variação igual a zero na comparação entre os trimestres, considerando-se dados com ajuste sazonal. Na análise mensal, a economia retraiu 0,6% em setembro sobre agosto.

O indicador, em relação aos mesmos períodos em 2022, teve um crescimento de 1,8% no terceiro trimestre e de 0,8% em setembro. O Monitor é calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).

“A estagnação do PIB no terceiro trimestre, em comparação ao segundo, reflete a fragilidade de sustentação de crescimento da economia brasileira. A desaceleração da agropecuária e do setor de serviços, explica a estagnação da economia pela ótica da oferta. Pela ótica da demanda, destaca-se a desaceleração do consumo das famílias e a queda da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)”, segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.

Nesta terça-feira (21), a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda reduziu de 3,2% para 3% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto para 2023. Segundo o Ministério da Fazenda, a revisão no crescimento foi motivada pela expectativa de crescimento zero no PIB no terceiro trimestre, ante previsão anterior de expansão de 0,1%, com destaque para as projeções menos otimistas para o setor de serviços no resto do ano.

INVESTIMENTOS

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 5,3% no terceiro trimestre, principalmente pela queda nos investimentos em máquinas e equipamentos, “embora o segmento da construção também tenha retraído”, segundo a pesquisa. “O forte recuo do segmento de máquinas e equipamentos é de certa forma generalizado, com destaque para o segmento de caminhões e ônibus”, diz o Ibre.

Na economia, o que o Brasil mais precisa é de investimentos, especialmente da indústria, pela produção de bens de maior valor agregado, substituindo importações do que podemos fabricar aqui no país, entre outros fatores decisivos como melhores salários. A retração observada no trimestre é desalentadora.

Ao analisar o resultado da indústria no terceiro trimestre, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) destacou que “a exemplo dos meses anteriores, o quadro seguiu sendo de estagnação. Na passagem de ago/23 para set/23, a produção do setor variou tão somente +0,1%, já descontados os efeitos sazonais e no acumulado de 3º trim/23 registrou 0% em relação ao mesmo período do ano passado”.

“Se excluirmos o ramo extrativo, isto é, tomada apenas a indústria de transformação, a evolução recente é de retração da produção em todos os trimestres de 2023 e isso depois da estagnação que marcou 2022: -1,0% no 1º trim/23; -1,5% no 2º trim/23 e -1,1% no 3º trim/23”, ressaltou o Iedi.

CONSUMO DAS FAMÍLIAS

O consumo das famílias cresceu 2,5% no terceiro trimestre, foi o fator que segurou o índice, impedindo que ele ficasse negativo, mas observa-se uma desaceleração diante do alto nível de endividamento e inadimplência das famílias brasileiras, situações agravadas pelas elevadas taxas de juros.

No terceiro trimestre, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), as vendas no comércio variaram 0,8% e o setor de serviços, que representa cerca de 70% do PIB caiu -0,3% em setembro, a segunda queda seguida.

De acordo com o Monitor do PIB, a exportação de bens e serviços cresceu 10,6% no terceiro trimestre. As exportações de produtos agropecuários e da extrativa mineral são as grandes responsáveis pelo forte crescimento das exportações. Já a importação retraiu 7,0% no período. Essa queda é explicada, quase que exclusivamente, pela importação de bens intermediários.

Em termos monetários, estima-se que o acumulado do PIB até o terceiro trimestre de 2023, em valores correntes, foi de 8 trilhões 46 bilhões e 723 milhões de Reais.

O Monitor do PIB junto com o IBC-Br do Banco Central são índices que antecipam, aproximadamente, o Produto Interno Bruto, oficialmente divulgado pelo IBGE.

Fonte: Página 8