Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), deu detalhes, em depoimento à Polícia Federal (PF), de como funcionava o bunker fascista onde eram fabricados os ataques criminosos e mentiras contra a oposição, a democracia e à integrantes do Supremo e outros órgãos.

Cid afirmou que Bolsonaro era o responsável por postar no próprio perfil no Facebook, enquanto o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e os três assessores cuidavam do Twitter, do Instagram e de outras redes sociais do ex-chefe do Executivo. Cid citou os nomes de José Matheus Sales Gomes, Mateus Matos Diniz e Tércio Arnaud Tomaz, como integrantes do esquema criminoso.

Segundo Mauro Cid, os três assessores usavam uma sala do Palácio do Planalto para produzir as fake news contra instituições democráticas. O ex-presidente era responsável por difundir os conteúdos, que eram feitos para inflamar apoiadores, segundo Mauro Cid. O “bunker” ficava no terceiro andar do Palácio do Planalto, ao lado da sala da Presidência.

A íntegra dos depoimentos de Cid não é pública, porém trechos das suas declarações à PF já foram divulgadas. Já foi revelado que Cid deu informações sobre outros casos em que Bolsonaro esteve envolvido: a venda ilegal das joias sauditas, a fraude nos cartões de vacina no sistema do Ministério da Saúde e a tentativa de golpe de Estado após a divulgação dos resultados das eleições do ano passado.

Como ajudante de ordens, Mauro Cid teve acesso livre ao Palácio do Planalto e esteve ao lado do Bolsonaro em entrevistas, lives, reuniões e em salas de cirurgias, sendo seu “faz-tudo” nos quatro anos do governo passado.

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, nas investigações sobre a falsificação de carões de vacinação. Ele admitiu sua participação nas fraudes dos cartões de vacina e afirmou que Bolsonaro foi o mandante. O ex-ajudante de ordens também admitiu que entregou uma parte do dinheiro proveniente do esquema ilegal de venda de joias no exterior a Bolsonaro.

Ele também informou à Polícia Federal sobre a reunião de Bolsonaro com a cúpula das Forças Armadas, após o segundo turno das eleições presidenciais, para pedir apoio para um golpe de Estado. Ele queria reverter o resultado das urnas que elegeu Lula para a Presidência da República. Na minuta do golpe, estava prevista a intervenção no TSE e prisão de ministros.

Fonte: Página 8