Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A Polícia Federal apreendeu documentos que apontam evidências de que o governo de Jair Bolsonaro, através da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), produziu “dossiês” completos sobre adversários políticos do ex-presidente com uso ilegal de ferramentas de espionagem.

A investigação específica sobre a produção de dossiês está ocorrendo dentro do inquérito sobre a espionagem ilegal.

Uma das linhas que está sendo investigada é do uso combinado de diferentes ferramentas de espionagem da Abin, como o software FirstMile, da empresa israelense Cognyte, para a obtenção de informações dos desafetos do ex-presidente que foram compiladas nos dossiês.

O UOL teve acesso a dois dossiês, que têm quatro e cinco páginas e não estão timbrados. A avaliação dos investigadores é que isso é intencional, uma vez que os documentos foram feitos de forma ilegal.

Dois agentes da Abin falaram com o portal e contaram que foram produzidos relatórios de pessoas ligadas ao PT e ao PCdoB, que eram de oposição ao governo Bolsonaro.

Eles foram produzidos na gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ), que hoje é deputado federal e defende o ex-presidente Bolsonaro.

Os dossiês mostram informações pessoais do alvo, se ele tem dívida ativa com a União e um “resumo dos processos na Justiça, TCU (Tribunal de Contas da União) e STF (Supremo Tribunal Federal (STF), além de uma análise sobre doações de campanha [eleitoral] e escândalos na imprensa”, informou o UOL.

As informações foram, conforme contaram agentes da Abin, obtidas com ferramentas da Agência para busca em fontes abertas, como na imprensa e na internet. Os dossiês eram repassados para o Palácio do Planalto.

O programa israelense FirstMile é capaz de invadir o sistema de antenas telefônicas para identificar a última localização de qualquer celular. Dois agentes da Abin foram presos pela Polícia Federal por fazerem parte desse esquema de arapongagem.

Fonte: Página 8