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A Justiça Federal no Amazonas decidiu levar a júri popular três dos réus pelos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Amarildo da Costa de Oliveira (Pelado); seu irmão, Oseney da Costa de Oliveira (Dos Santos), e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, foram acusados pelo Ministério Público Federal de assassinar e ocultar os corpos do indigenista e do jornalista britânico.

“Sobre a decisão da Justiça de levar os réus dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips a júri popular, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) reforça, mais uma vez, que a decisão já era esperada, tendo em vista a condução do processo”, afirmou em nota a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), organização em que Bruno trabalhava.

“Confiamos na Justiça e nas instituições do Brasil que estão envolvidas na resolução do caso. Aguardamos a continuidade das investigações e pedimos que a justiça seja feita”, continua o texto assinado pelo procurador jurídico da Univaja, Eliésio Marubo.

Na decisão, divulgada nesta segunda-feira (2), o juiz Wendelson Pereira Pessoa, da Vara Federal de Tabatinga (AM), manteve a prisão dos réus. Eles estão presos preventivamente em presídios federais de segurança máxima de Campo Grande (MT) e Catanduvas (PR)

“A garantia da ordem pública estaria em risco com a soltura dos réus”, justificou o magistrado. “O crime teve repercussão internacional. Assim, soltar os réus quando a instrução processual provou indícios do cometimento de dois homicídios seguidos, da ocultação de cadáver causaria comoção popular”, completou Pessoa.

Bruno e Dom foram mortos no dia 5 de junho de 2022, alvos de uma emboscada, enquanto viajavam de barco pelo do Vale do Javari, no Amazonas. A dupla foi vista pela última vez enquanto se deslocava de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde se reuniria com lideranças indígenas e de comunidades ribeirinhas.

Seus corpos foram localizados dez dias depois. Eles estavam enterrados em uma área de mata fechada, a cerca de 3 quilômetros da calha do Rio Itacoaí. Amarildo Oliveira confessou o crime e levou os agentes e os indígenas que atuavam nas buscas ao local onde os corpos estavam sepultados.

A região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares, concentra o maior número de indígenas isolados. Bruno denunciou que estaria sofrendo ameaças na região. Ele estava atuando como colaborador da Univaja.

Bruno Pereira era servidor da Funai e a sua exoneração ocorreu quando o à época presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um projeto para liberar garimpos nas reservas indígenas. Dom Phillips era jornalista e atuava para o jornal britânico The Guardian. Com o apoio da Fundação Alicia Patterson, Dom trabalhava em um livro sobre a Amazônia.

Investigações da Polícia Federal apontaram que o mandante do crime foi Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, que tinha ligação direta com Amarildo. Além de Oseney, Amarildo e Jefferson, Colômbia também foi preso e solto após pagar fiança de R$ 15 mil, em outubro.  Em dezembro, após descumprir as determinações da Justiça Federal durante a liberdade provisória, foi recolhido novamente.

Nesta terça-feira (3), a defesa dos réus afirmou que a decisão é “omissa e contraditória” e que vai recorrer.

Fonte: Página 8