cista Heba Abu Nada | Foto: Arquivo Pessoal

Israel assassinou, com um bombardeio, em Khan Yunis, no sul de Gaza, a romancista e poeta Heba Abu Nada, de 32 anos, na última sexta-feira (20), segundo o Ministério da Cultura palestino.

Em um poema postado no dia 8 nas redes sociais, Heba havia descrito o horror da carnificina cometida pelos israelenses. “A noite da cidade é escura, exceto pelo brilho dos mísseis, silenciosa, exceto pelo som dos bombardeios, assustadora, exceto pela garantia das súplicas, negra, exceto pela luz dos mártires”.

“PESSOAS JUSTAS E DO LADO DA VERDADE”

“Se morrermos, saibam que estamos satisfeitos e firmes, e digam ao mundo, em nosso nome, que somos pessoas justas, do lado da verdade.”

Autora do romance Oxygen is Not for the Dead (Oxigênio não é para os mortos, em tradução livre), de 2017, Heba foi agraciada com o segundo lugar no Prêmio Sharjah de Criatividade Árabe pela estreia. Ela era formada em bioquímica pela Universidade Islâmica de Gaza e mestre em nutrição clínica.

“QUE O RISO DAS CRIANÇAS POSSA EXISTIR”

A Editora Tabla, que publica livros sobre culturas do Oriente Médio e Norte da África, homenageou pelo Instagram a poetisa, com uma foto dela e sua última mensagem. “Que haja uma dimensão, um canto nesse vasto universo onde a alegria, o riso e a dignidade dessas milhares de crianças e jovens possam existir, se espalhar e seguir iluminando.”

Nas redes sociais, começam a se multiplicar as homenagens a Heba. “Com grande tristeza lamentamos uma das mais talentosas poetas e romancistas feministas de Gaza, Heba Abu Nada”, postou o cientista político e pesquisador palestino Abdalhadi Alijla.  

Pelo menos outros dois artistas palestinos foram mortos também pelas bombas israelenses. A artista plástica palestina Heba Zagout, de 39 anos, foi assassinada com seus dois filhos pequenos em um ataque aéreo israelense em Gaza, uma semana antes. Ela conquistou muitos seguidores nas redes sociais por suas pinturas vibrantes de paisagens e pessoas palestinas, especialmente por suas representações de cenas de Gaza e Jerusalém.

O artista Mohammed Sami, 23 anos, foi morto ao lado da família durante o ataque ao Hospital al-Ahli al-Arabi, na última terça-feira (17). Ele estava no local como voluntário, organizando atividades de apoio às crianças afetadas pelo morticínio.

Além de artistas, a barbárie desencadeada pela ditadura israelense já matou 19 jornalistasem duas semanas.

Fonte: Papiro