ONU pede proteção de civis e condena medidas desproporcionais
Depois do Secretário-geral da ONU, António Guterres, ter pedido que ajuda humanitária chegue à Faixa de Gaza na segunda-feira (9), o chefe da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, fez um apelo, nesta terça-feira (10) para que os civis sejam protegidos e pela neutralização do que chamou de “barril de pólvora”.
De acordo com a ONU, o ataque de Israel ao território palestino de Gaza:
- atingiu 5,3 mil prédios;
- gerou 200 mil deslocados;
- deixou 610 mil palestinos sem água potável.
Ao tentar equilibrar responsabilidades, Turk pediu para que integrantes do Hamas libertem reféns, pois estes não devem ser utilizados como moeda de troca.
Quanto às responsabilidades de Israel, observou as medidas adotadas como desproporcionais na Faixa de Gaza ao lembrar que o direito internacional veta a supressão de água, comida, combustível e eletricidade promovida pelos israelenses contra os palestinos.
A situação classificada como “punição coletiva” atinge todos os 2,2 milhões de residentes de Gaza. Segundo a ONU, 200 mil pessoas saíram de suas casas (destruídas ou em vias de ser) e estão em abrigos.
As escolas geridas pela agência da ONU para os refugiados palestinos, Unrwa, estão sendo utilizadas como abrigos. No entanto, ataques aéreos israelenses atingiram 18 instalações da Unrwa – que são protegidas pelo direito internacional.
De acordo com a ONU, dois funcionários da agência e cinco estudantes foram mortos. A porta-voz da Unrwa, Tamara Alrifai, afastou a hipóteses de que as escolas sejam utilizadas pelo Hamas, sendo que os locais são constantemente inspecionados.
Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que 13 instalações de saúde em Gaza foram atingidas. Uma solução proposta pelas Nações Unidas é a criação de um corredor humanitário para que alimentos e medicação cheguem à população de Gaza.
Como resposta o governo israelense citou os mortos e feridos de seu país e disse que a ONU não consegue classificar como terrorismo os atos provocados pelo Hamas. No entanto, o governo de Israel não apresentou justificativa por ter corrompido leis contra direitos humanos ao cortar água e alimentos e ter criado, ao longo das décadas, uma verdadeira ‘prisão a céu aberto’, como é classificada Gaza por especialistas.
O território palestino de Gaza tem somente 365 km², área que equivale a um quarto da cidade de São Paulo. São pouco mais de 2 milhões de habitantes somente com saída para o mar, empurrados pela ocupação de Israel que realizou assentamentos em áreas palestinas.