Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, no evento "Caminhos para transição energética justa no Brasil" | Foto: Reprodução/YouTube BNDES

Em evento sobre os “Caminhos para transição energética justa no Brasil”, realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com a Petrobrás, Aloizio Mercadante, presidente do banco, afirmou que “a agenda ambiental é um grande desafio e o BNDES tem um papel estratégico e à Petrobrás absolutamente decisivo para esse desafio histórico que estamos enfrentando”.

Mercadante destacou que “a Petrobrás teve um papel extraordinário no processo de crescimento do Brasil historicamente, teve papel de liderança nos investimentos e segue sendo um fator de indução no desenvolvimento, à industrialização e ao crescimento do país”.

“O grande desafio é uma responsabilidade ambiental compartilhada e diferenciada. E isso vai envolver tanto a Petrobrás quanto o BNDES. O Brasil, nós temos um posicionamento muito favorável para liderar entre o G20 esse processo de construir uma economia verde em direção a carbono zero”, afirmou Mercadante, ressaltando que “nossa matriz energética é 47,4% limpa e hoje nossa matriz elétrica está em quase 88%, não há nada próximo disso no G20, nossas emissões, metade é desmatamento e 24% uso da terra”.

“Se estamos diante de uma crise climática faz sentido uma empresa como a Petrobrás? Nós não estamos em transição energética?, provocou Mercadante. “Nós ainda não temos um combustível que substitua o combustível fóssil, o petróleo”, afirmou.

“O petróleo ainda é uma dimensão fundamental da matriz de transporte da matriz energética. Cerca de 80% da matriz global é o petróleo, é hidrocarboneto, é energia fóssil. Nós estamos numa transição. Se nós olharmos o desafio da mobilidade elétrica, o mundo está produzindo 80 milhões de veículos por ano, 10 milhões são elétricos, mas a estrutura de carros, de ônibus, de caminhões continua sendo dependente de petróleo”, enfatizou.

“A Petrobrás tem papel fundamental de continuar produzindo petróleo, de qualidade, reduzindo custos, aumentando a eficiência e descobrindo novas reservas. E isso não se opõe, ao contrário, se nós tivermos inteligência estratégica essa renda do petróleo pode ser um grande diferencial para o Brasil acelerar sua transição energética”.

Mercadante destacou a importância de se descobrir novas reservas de petróleo e enfatizou a importância da Margem Equatorial.

“É a última grande fronteira de exploração de petróleo que o Brasil tem. Num período histórico, porque mesmo as previsões de descarbonização da ONU, em 2050 a expectativa é de que 17% ainda seja petróleo. Então, o petróleo vai continuar existindo com essas novas fontes que nós queremos impulsionar para serem mais presentes na economia do futuro”.

“Nós temos 2200 km de costa, do Rio Grande do Norte ao Amapá, convivendo com a Guiana que já descobriu de reservas provadas 11 bilhões de barris de óleo equivalente e que a perspectiva é produzir 1 bilhão e meio de barril por dia e virar a segunda economia da América Latina em produção de petróleo. Aquela fraçãozinha que nós temos ali na Amazônia. O potencial de toda a Margem Equatorial é imensa para o Brasil, e a Petrobrás tem tecnologia, tem mais de 3 mil perfurações com total segurança nessa fase de exploração”.

Mercadante lembrou que quando senador, líder do governo, “o debate do pré-sal era o mesmo, muito parecido com o da Margem Equatorial: não tinha petróleo, custo muito alto, o Brasil não tinha competitividade, que não precisava adensar cadeira industrial, cadeia produtiva, que sujava nossa matriz energética. Imagine o Brasil sem o pré-sal”.

“NASCEMOS JUNTOS”

Ao iniciar o evento, realizado na quarta-feira, 11 de março, Mercadante, ao lado do presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, pediu um minuto de silêncio “para todas as vítimas dessa marcha da insensatez que está acontecendo agora no território de Gaza”.

O presidente do BNDES saudou os 70 anos de história da Petrobrás, homenageando os servidores que estão nas plataformas e lembrando os 71 anos do banco de fomento. “Nascemos juntos!”

“Nascemos num processo histórico complexo, mas com uma perspectiva estratégica que até hoje está presente. Nós tivemos na crise de 29 uma ruptura do modelo primário-exportador, começamos um processo de industrialização por substituição de importações, na crise da economia cafeeira, em 1934 o Brasil era predominantemente industrial. E o Getúlio teve um papel relevante na construção do Estado nacional”.

Citando a CSN, a Fábrica Nacional de Motores, a Vale, o presidente do BNDES ressaltou que “Getúlio deixa uma herança muito importante com a criação do BNDES, na época BNDE, e a Petrobrás. Enfrentou na época as críticas que continuam até hoje, que o Brasil não tinha petróleo, que só ia aumentar o custo de produção, que não havia sentido ter um banco público de desenvolvimento, mas a história foi superando e enterrando essa visão apequenada do tamanho do Brasil e dos nossos desafios”.

Fonte: Página 8