Lula diz que Conselho da Federação é consagração do processo democrático
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quarta-feira (24), no Palácio do Planalto, da reunião plenária inaugural do Conselho da Federação. Ele classificou o encontro como “uma foto de consagração do exercício do processo democrático a que todos deveríamos estar submetidos e vamos nos submeter”. Lula também expressou preocupação com o conflito entre Israel e Hamas.
Ao iniciar seu discurso, o presidente salientou a gravidade da situação na Faixa de Gaza. Ele falou sobre o telefonema que faria, na sequência, para o Emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, para tratar do conflito e a urgência de se resolver os problemas humanitários e de um cessar-fogo.
“É muito grave o que está acontecendo neste momento no Oriente Médio. Não se trata de discutir quem está certo ou errado, quem deu o primeiro tiro ou o segundo. O problema é que aquilo não é uma guerra, é um genocídio que já matou quase 2 mil crianças que não têm nada a ver com essa guerra, que são vítimas e sinceramente eu não sei como um ser humano é capaz de guerrear sabendo que o resultado é a morte de crianças inocentes”, declarou.
Conselho da Federação
Com relação ao Conselho da Federação, o presidente destacou que “se a gente não fizer esse exercício (de diálogo), a gente não constrói a democracia”.
Recordando sua experiência como líder sindical, afirmou: “Aprendi que fazer política é um processo sistemático de fazer concessão, de conversa e conquista”. E completou: “Nós temos um tipo de político que só sabe fazer política se tiver um inimigo. Temos um outro tipo que só sabe fazer política dizendo que ele é o melhor e que além dele ninguém presta”.
Ao tratar de problemas urgentes do Brasil neste momento — como a seca no Amazonas e a violência no Rio de Janeiro — Lula salientou que as questões vivenciadas em estados e municípios devem ser de todos, inclusive do governo federal. “Cabe ao presidente da República e ao governo federal estar inteirados disso (dos problemas da cidades e dos estados) e ver o que pode fazer para compartilhar uma solução”, argumentou.
Lula também enfatizou a necessidade de o Brasil superar divergências e apostar no diálogo para avançar. “Este país não pode ser administrado por alguém que se nega a conversar com alguém que não pensa como ele. Não pode ser governado por quem tem preferência religiosa e nega as outras”.
Por fim, disse que o o país “precisa de paz, de harmonia, de estabilidade econômica e social, de previsibilidade e de gente que, com muita humildade, cumpra com as suas funções e deixe de falar mal dos outros”.
O Conselho da Federação foi criado neste ano por meio do decreto 11.495 e é considerado pelo governo uma inovação no desenvolvimento do federalismo por ter como objetivo promover a cooperação na criação, gestão e implementação de políticas públicas. O colegiado é formado por 18 representantes dos governos federal, estadual, distrital e municipal, além de entidades municipalistas.
Pela União, fazem parte o presidente da República, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o ministro-chefe da SRI, Alexandre Padilha, que será o Secretário-Geral, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, além de mais dois ministros indicados pelo presidente.