Despejo de água contaminada no Pacífico isola o Japão, dizem especialistas chineses | Vídeo

Apesar da oposição internacional e, particularmente, a repulsa dos países vizinhos, o Japão começou nesta quinta-feira a liberar uma segunda rodada de águas residuais contaminadas com energia nuclear da central nuclear de Fukushima Daiichi ao Oceano Pacífico, informou a agência local Kyodo.

Especialistas chineses alertaram que esta medida irresponsável não só prejudicará ainda mais a reputação internacional do Japão, mas também continuará a corroer as suas exportações para a China e outros países e a desencorajar viagens para o Japão. 

A operadora da usina Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO) argumentou que concluiu inspeções após o processo inicial, que foi concluído em 11 de setembro, e não encontrou motivos para alterar os procedimentos. Durante a primeira rodada, a empresa informou que foram liberadas 7.788 toneladas de água armazenadas em 10 tanques dentro das instalações da usina, segundo o Japan Times.

Na segunda rodada, aproximadamente a mesma quantidade de água deverá ser liberada ao longo de 17 dias, confirmou a concessionária. A TEPCO acrescentou que a água tratada é armazenada em mais de 1.000 tanques, sem outros detalhes.

Em março de 2011, um tsunami atingiu a central nuclear de Fukushima Daiichi, destruindo instalações de energia e de refrigeração, resultando na fusão do combustível nuclear em três reatores, na destruição dos seus navios, em explosões e na libertação de grandes quantidades de material radioativo.

Até o momento, o território da central e arredores praticamente tem sido limpos. No entanto, para esfriar os fragmentos de combustível nuclear continuamente é despejada água nos reatores destruídos, fluindo através de lacunas com forte contaminação radioativa.

O material é tratado, mas depois dos procedimentos ainda contém trítio, que não pode ser removido. Mais de 1,34 milhão de toneladas de água já se acumularam no território da usina nuclear, enchendo mais de 1.040

tanques de aço. O governo japonês decidiu anteriormente liberar gradualmente essa água ‘tratada’ no oceano. Esta operação levará de 30 a 40 anos, assinalou o Global Times.

Sabe-se que mesmo a presença de uma baixa concentração de trítio — uma substância radioativa — na água aumenta o risco de câncer em mais de 500%, esclareceu o oceanógrafo da Universidade Estadual de Moscou, Sergei Mukhametov.

A autoridade alfandegária da China proibiu as importações de todos os frutos do mar do Japão a partir de 24 de agosto, provocando uma queda de 67,6% em relação ao ano anterior, informou a Kyodo News, citando dados divulgados no mês passado.

As exportações de frutos do mar do Japão para a Coreia do Sul também despencaram em agosto, segundo relatos.

O secretário de Meio Ambiente e Ecologia de Hong Kong, Tse Chin-wan, disse na quarta-feira (04) que não tem planos de aliviar as restrições às importações japonesas de frutos do mar, reiterando a oposição do governo à decisão “unilateral” do Japão de despejar águas residuais da usina nuclear paralisada.

“A bola está do lado do Japão. Se o Japão não mudar a sua atitude, não vejo que estejamos em condições de relaxar as proibições”, disse Tse.  

“O despejo de águas residuais contaminadas com energia nuclear pelo Japão abriu uma Caixa de Pandora e os danos à indústria pesqueira do Japão vão piorar”, disse Lü Xiang, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, ao Global Times. O especialista confirmou que se o Japão continuar a despejar águas residuais contaminadas com resíduos radioativos, enfrentará mais condenação internacional, potencialmente devastando o mercado japonês de exportação de frutos do mar que tem uma grande importância econômica para o país.

Fonte: Papiro