Futuro da Argentina começa a ser escrito neste domingo (22)
Os argentinos começam a escrever, neste domingo (22) — quando serão escolhidos o novo presidente, parte dos senadores e deputados — como deverá ser o futuro do país nos próximos anos. No pleito presidencial, que tende a ser decidido em segundo turno, a disputa está acirrada. As mais recentes pesquisas apontam o atual ministro da Economia, o peronista Sergio Massa (União pela Pátria), e o ultradireitista Javier Milei (Coalizão La Libertad Avanza) como os favoritos dos eleitores.
Entre os principais candidatos está, ainda, a ex-ministra da Segurança do governo Macri, Patricia Bullrich (coalizão Juntos pela Mudança), de direita.
O último levantamento feito pelo instituto Atlas Intelligence mostra Massa com 30,9% das intenções de voto, enquanto Milei — que saiu na frente nas primárias — tem 26,5% e Bullrich, 24,4%. Os candidatos de esquerda Juan Schiaretti (Hacemos por Nuestro País), e Myriam Bregman (Frente de Izquierda) têm, respectivamente, 10% e 3,2%.
Já a pesquisa feita pela CB Consultora, Milei, com 29,9%, está tecnicamente empatado com Massa, que marca 29,1%, enquanto Bullrich fica com 21,8%.
A posição de destaque de Milei traz o receio de uma vitória da ultradireita, a exemplo do que infelizmente aconteceu no Brasil em 2018. O argentino se assemelha a Jair Bolsonaro em diversos aspectos: ele se apresenta como “antissistema” e seus discursos, exóticos e inflamados, são carregados de ódio e preconceitos, ganhando principalmente a preferência dos homens jovens.
Sua eleição pode levar a Argentina a um isolamento regional e mesmo internacional. Ele já sinalizou com a possibilidade de romper com a China e o Mercosul e critica a entrada do país nos Brics. Ao mesmo tempo, declarou estar alinhado com Estados Unidos e Israel. “É natural que eu esteja [preocupado]. Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa”, disse recentemente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o candidato.
Massa, por sua vez, tem apostado num discurso de união nacional e defende, entre outros bandeiras, os direitos dos trabalhadores, o papel do Estado no desenvolvimento do país, a indústria nacional e direitos sociais. Ele tem defendido cinco áreas prioritárias: emprego formal e protegido; desenvolvimento da indústria nacional; exploração inteligente dos recursos naturais; discussão sobre o endividamento externo e direitos humanos.
Já a cientista política Patricia Bullrich, no campo da direita mais tradicional, se apresenta como uma liberal linha dura e promete estabelecer uma taxa de câmbio única e “ajustar o Estado para desajustar os cidadãos”. Sua plataforma está calcada na palavra “ordem”; ela defende, entre outros pontos, o uso das Forças Armadas na segurança pública, pasta que ocupou durante o governo Macri.
Eleição e segundo turno
Hoje, cerca de 35,5 milhões de eleitores estão aptos a votar no país. Além do presidente, eles escolherão metade da Câmara dos Deputados, ou o equivalente a 130 cadeiras, e um terço do Senado, 24 vagas. A perspectiva da autoridade eleitoral do país é que os primeiros resultados saiam a partir das 22h.
Para vencer já no primeiro turno, neste domingo (22), algum dos candidatos à Presidência precisa receber 45% dos votos válidos — excluindo brancos e nulos — ou 40% desses votos e registrar uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado. Caso contrário, é convocado um segundo turno com os dois primeiros. Essa segunda rodada, se ocorrer, está marcada para 19 de novembro.
Com agências