Palestinos deixam seus lares sob bombas de Israel, denuncia Escritório de DHs da ONU | Foto: Mohammed Abed/AFP

A relatora especial da ONU para os direitos humanos das pessoas deslocadas internamente, Paula Gaviria Betancur, pediu que Israel “revogue imediatamente” a sua ordem para que 1,1 milhão de palestinos abandonem o norte de Gaza no prazo de 24 horas.

A especialista colombiana afirmou que a pretensão israelense é “um crime contra a humanidade” e lembrou que ameaças deste tipo são proibidos pelo direito humanitário internacional.

“Estamos horrorizados com a perspectiva de que mais de um milhão de palestinos sejam forçados a se juntar às mais de 423 mil pessoas que já foram expulsas de seus lares pela violência durante a semana passada”, expressou.

“O sistema humanitário em Gaza já está no limite. As infra-estruturas de Gaza foram devastadas por bombardeios indiscriminados aéreos, terrestres e marítimos, e as pessoas atualmente deslocadas não têm para onde ir”, frisou Gaviria Betancur.

“Triplicar a população deslocada da noite para a manhã dizimará e perturbará permanentemente a população civil de Gaza”, alertou.

Em 12 de outubro, sem respeitar os mínimos direitos humanos da população, Israel solicitou à Organização das Nações Unidas (ONU) que deslocasse 1,1 milhões de civis do norte para o sul da Faixa de Gaza em 24 horas, em momentos em que já se registravam as primeiras incursões terrestres israelenses na zona palestina e em que as forças terrestres se retiravam para as fronteiras.

A relatora especial destacou que os profissionais humanitários em Gaza enfrentam um aumento esmagador das necessidades num contexto de ataques a instalações e trabalhadores de saúde, ameaças contra trabalhadores humanitários e “um cerco draconiano” que cortou o acesso à água, combustível, medicamentos e eletricidade, comunicações e suprimentos humanitários essenciais.

A especialista colombiana também instou Israel a aderir ao direito internacional. “Gostaria de lembrar a Israel que a observância do direito internacional é obrigatória, e não opcional, durante qualquer conflito. Para esse fim, apelo ao estrito respeito pelo direito humanitário internacional e pelas suas disposições, incluindo o acesso humanitário irrestrito aos necessitados, a cessação dos ataques indiscriminados contra civis e o fim do deslocamento forçado de populações e do bloqueio”, assinalou.

O Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou em 10 de outubro que o seu país pretende levar a cabo uma “ofensiva total e sem restrições” na Faixa de Gaza e inclusive o fornecimento de eletricidade e alimentos à população continua interrompido, uma decisão que foi apoiada pelos Estados Unidos.

Passando por cima deste clamor mundial, o Ministério da Energia de Israel confirmou que continuará a manter Gaza sem serviços básicos, como eletricidade, água e combustível.

Desde 7 de outubro, 11 trabalhadores da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA, por suas siglas em inglês) morreram em consequência dos bombardeios israelitas na Faixa de Gaza, segundo a ONU.

Enquanto isso, apoiando e sustentando a agressão bárbara de Israel, os Estados Unidos e o Reino Unido continuam enviando equipamento militar para as fronteiras de Israel. Washington especificamente já enviou dois porta-aviões para o Mediterrâneo Oriental como uma advertência de ‘dissuasão’ para todos os que se opõem à política de Israel. Além disso, o país norte-americano também entregou massiva quantidade de munição às forças de ocupação israelenses.

UNICEF: “SITUAÇÃO DAS CRIANÇAS É CATASTRÓFICA”

“A situação das crianças em Gaza é catastrófica e centenas de crianças foram assassinadas”, informou a diretora executiva da UNICEF, Catherine Russell.

A diretora norte-americana também exigiu um cessar-fogo imediato, o cumprimento das regras de guerra e o acesso humanitário. “Todas as crianças, em todos os lugares, devem ser protegidas em todos os momentos”, sublinhou.

A UNICEF reforçou também a denúncia de que “as crianças e as famílias de Gaza ficaram praticamente sem comida, água, eletricidade, medicamentos e acesso seguro a hospitais, após vários dias de hostilidades e cortes em todas as rotas de abastecimento”.

O número de palestinos mortos pelos bombardeios israelitas aumentou este sábado para 2.215, entre os quais 724 são crianças e 458 mulheres, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Fonte: Papiro