Crimes de guerra perpetrados por Israel à luz do dia e diante das câmeras | Vídeo

Enquanto o ministro da guerra israelense Yoav Galant anunciava a abolição das convenções de Genebra para o ataque final a Gaza – “sem restrições”, ele disse -, as autoridades médicas palestinas revelaram que pelo menos 260 crianças estão entre os 950 palestinos mortos até terça-feira (10) pelos bombardeios aéreos israelenses. Os feridos passam de 5.000, o atendimento nos hospitais e postos de saúde também sob bombardeio, cada vez mais difícil.

Se matar 260 crianças sob bombas não for crime de guerra, o que será crime de guerra, então?

“Onze funcionários foram mortos em ataques aéreos [israelenses], vários deles na terça-feira”, denunciou a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA). Eles estavam “em suas casas”.

A assessora de imprensa da agência da ONU, Juliette Touma, afirmou que a sede da organização na Cidade de Gaza foi danificada durante os bombardeios, assim como 18 escolas mantidas pelo órgão, que estavam servindo de abrigo para moradores que fugiram dos ataques.

“A proteção da população civil é uma prioridade máxima, mesmo em tempos de conflito. Devem ser protegidas de acordo com o direito internacional da guerra”, indignou-se Touma.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 13 hospitais e clínicas foram atingidos pelas bombas israelenses. Também a Organização do Crescente Vermelho – o equivalente islâmico da Cruz Vermelha – teve sua sede bombardeada, ambulâncias foram destruídas. 

“O estoque de combustível para operar os geradores nos hospitais da Faixa de Gaza terminará amanhã, quinta-feira”, advertiu a ministra da Saúde palestina, Mai al-Kaila, à estação de rádio Voz da Palestina.

Já passam de 5.300 os prédios e casas destruídos, o que provocou 200 mil deslocados. Mais de 600 mil palestinos estão sem água potável. Além dos ataques aéreos, Israel passou a bombardear o porto de Gaza para impedir a entrada de água e alimentos.

Desde Nuremberg está bem estabelecido que a punição coletiva é um crime de guerra torpe, como se viu em Varsóvia e Leningrado.

Enquanto Israel concentra tropas para sua “solução final” em Gaza, e ameaça matar os palestinos ou a bomba ou de fome, o Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Türk, exigiu que a lei humanitária internacional e a lei internacional de direitos humanos seja respeitada “em todas as circunstâncias”.

Até mesmo o chefe da diplomacia europeu, Josep Borrell, aquele que já disse que o Ocidente é um “jardim” cercado pela “selva”, afirmou em entrevista que “ações” de Israel – como o bloqueio de água, comida e combustível – “violam o direito internacional”. O próprio secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu que a ajuda humanitária chegue à Faixa de Gaza.

O Secretário-Geral do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein Al Sheikh, denunciou que o governo israelense estava recusando “o fornecimento de alimentos e suprimentos médicos ao nosso povo”. A população da Faixa de Gaza “enfrenta outra catástrofe humanitária”, acrescentou.

“Apelamos às instituições humanitárias internacionais e à comunidade internacional para intervirem urgentemente para parar a agressão e permitir a importação de ajuda e restaurar o abastecimento de eletricidade e água”.

Além do ministro Galant dizer que não há “restrições” no ataque a Gaza, Netanyahu passou abertamente a tentar matar os palestinos ou a bomba, ou de fome e sede. Anunciou que vai “eliminar” qualquer resistência e mandou os civis fugirem, ao mesmo tempo em que bombardeia até a passagem para o Egito e o porto, e cerca Gaza.

Graças a fake news como “os bebês decapitados” e piruetas para não explicar porque o Egito avisou de iminente “coisa grande” três dias antes e ele deixou correr, Netanyahu logrou montar um “governo de unidade” com setor da oposição, cujo programa em suma é “delenda Gaza”.

Como assinalou em editorial o jornal progressista inglês, Morning Star, se não querem se deparar com a violência dos oprimidos, precisam parar a violência dos opressores, muito mais feroz e longeva – que se perpetua, na conta mais favorável, desde 1967.

Ao contrário de fazer um coro em prol de Netanyahu, o que se precisa é de muita amplitude e perseverança por um cessar fogo e pela retomada de verdade de negociações entre palestinos e israelenses. O que está acontecendo – como já registraram Rússia, China e África do Sul, entre outros-, é a consequência do adiamento ano após ano da instauração do Estado Palestino soberano e viável e da insistência no apartheid e ocupação. Há demasiado tempo que o que está em jogo na Terra Santa é a devolução dos territórios ocupados, em troca de segurança e paz. Coisa impossível de acontecer em um governo sob o mando e arbítrio de Netanyahu.

Fonte: Papiro