O engenheiro Nizar Traboulsi, secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista Unificado da Síria, revelou a contínua luta do povo sírio contra a ocupação e agressões estrangeiras em uma entrevista exclusiva concedida à jornalista Moara Crivelente, que representou a Secretaria de Relações Internacionais do PCdoB durante o 23° Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO) em Izmir, Turquia. Ele fornece uma visão crítica sobre a situação atual na Síria, e da Palestina, e destaca a determinação destes povos em resistir à ocupação estrangeira e proteger sua soberania nacional. As palavras do líder do Partido Comunista Unificado da Síria destacam a urgência de uma solução pacífica e justa para ambos os conflitos e a necessidade de respeitar os direitos e a autodeterminação deste povo.

Traboulsi começou falando sobre a luta contínua da Síria contra o terrorismo que dura há 13 anos. Ele descreveu a intervenção dos Estados Unidos na Síria, destacando que, após seu fracasso em dividir o povo sírio, as tropas americanas ocuparam parte do norte da Síria, apoderando-se de seus recursos.

“Depois do fracasso dos Estados Unidos em alcançar seus objetivos de destruir a unidade nacional na Síria, vieram com suas próprias tropas e ocuparam a parte norte da Síria, roubando todos os recursos de lá, petróleo, gás e outros recursos. Apesar de todas essas ações, eles não conseguiram atingir seus objetivos de dividir o povo da Síria”, afirmou.

Traboulsi destacou as agressões de aliados dos americanos, como Israel, e a imposição da Lei César, restringindo a entrada de ajuda humanitária na Síria. A chamada “Lei César” (Caesar Syria Civilian Protection Act) imposta pelos Estados Unidos, impede a Síria de importar qualquer coisa, desde insumos farmacêuticos, até alimentos. Apesar dessas dificuldades, ele enfatizou que o povo sírio permanece resiliente, contando com seus próprios recursos para sobreviver.

Falando sobre os ataques de Israel e dos Estados Unidos à Síria, Traboulsi apontou que os EUA são o principal patrocinador do terrorismo na Síria. Ele enfatizou que a Síria tem conseguido resistir e expulsar invasores e rebeldes de várias regiões do país.

“Sabemos que o resultado será o que ocorreu após 20 anos de ocupação do Afeganistão, e os Estados Unidos tiveram que deixá-los em paz. A Síria decidiu libertar todos estes territórios ocupados na Síria e controlar todos os territórios do país com o apoio e ajuda de amigos, como a Rússia, a China e o Irã”, declarou.

Quando perguntado sobre as regiões ainda ocupadas na Síria, Traboulsi destacou a província de Idlib, no norte, onde os Estados Unidos têm bases que protegem grupos terroristas. Além disso, mencionou a base de Al-Tanf, localizada no sul da Síria, na fronteira com a Jordânia, como uma preocupação significativa.

Mapa mostra como exércitos turcos, americanos e mercenários terroristas invadiram grandes extensões da Síria (principalmente ao Norte).

Manipulação da questão curda

O líder político sírio também criticou as tentativas dos Estados Unidos de semear divisões étnicas e religiosas na Síria. Traboulsi observou que os Estados Unidos tentaram explorar a questão curda. Ele destacou a importância do respeito ao direito internacional e enfatizou que os curdos são cidadãos da Síria com os mesmos direitos que os demais sírios, e os EUA estão manipulando essa questão para seus próprios interesses geopolíticos.

“Os Estados Unidos estão tentando jogar com as diferenças étnicas e religiosas dentro da Síria. Eles dizendo que apoiariam o estabelecimento do estado curdo, o que é contra o direito internacional. Porque há outros países que têm curdos e que não permitem o estabelecimento de um Estado independente para eles, mesmo no Iraque, no Irã, na Turquia e na Síria. Além disso, os curdos são considerados cidadãos da Síria e têm todos os direitos dos cidadãos sírios”, explicou.

Traboulsi também abordou a situação nas Colinas de Golã, território sírio ocupado por Israel. Ele denunciou os ataques diários de Israel, incluindo recentes ataques aéreos contra Aleppo e Damasco. Traboulsi enfatizou que a Síria continuará resistindo à ocupação israelense e que, de acordo com o direito internacional, a ocupação de Golã por Israel é ilegal.

O dirigente partidário expressou confiança na libertação das Colinas de Golã, que são reconhecidas internacionalmente como parte do território sírio e ocupadas por Israel de maneira ilegal. Apesar dos contínuos confrontos, Traboulsi destacou o compromisso da Síria em restaurar a região.

“Eles atacam a Síria diariamente, dizendo que têm como alvo armas iranianas ou do Hezbollah. O que os Estados Unidos não puderam fazer nos 13 anos de agressão terrorista, Israel não o fará e não será capaz de forçar a Síria a render-se”, afirmou.

A situação na Síria permanece complexa e desafiadora, com inúmeras questões envolvidas, incluindo a ocupação de territórios, a luta contra o terrorismo e os ataques externos.

Agressão israelense contra o povo palestino

O dirigente partidário sírio compartilhou também a posição clara do seu partido em relação à situação na Palestina e Gaza. Traboulsi destacou a condenação inequívoca de seu partido à agressão israelense contra o povo palestino. Ele descreveu os ataques de Israel como “bárbaros” e exigiu o fim imediato da agressão. O engenheiro também enfatizou a importância de permitir a entrada de ajuda humanitária internacional em Gaza, onde as condições de vida têm sido severamente afetadas pelos conflitos contínuos.

“Condenamos a bárbara agressão israelense contra o povo palestino e exigimos o fim da agressão. Queremos permitir que a ajuda humanitária internacional entre em Gaza, assim como acabar com as matanças do povo palestino, de crianças e de idosos”, declarou.

O líder político sírio não poupou palavras ao criticar as ações de Israel, afirmando que o país estava envolvido em uma agressão brutal contra o povo palestino por 75 anos, desde a sua fundação. Ele enfatizou que essas tentativas de opressão falharam.

Traboulsi não se esquivou de apontar a responsabilidade de países poderosos, como os Estados Unidos e a União Europeia, bem como outros países imperialistas, na atual agressão israelense. Ele expressou a opinião de que essas nações estão envolvidas de maneira significativa na situação.

Além disso, Traboulsi ofereceu uma solução clara para o conflito, pedindo o apoio à criação de um Estado palestino dentro das fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital. Ele instou os Estados Unidos, a União Europeia e outros países a cessarem seu apoio às ações agressivas de Israel contra o povo palestino.

“Se quiserem realmente resolver o problema, terão de apoiar o estabelecimento do Estado palestino dentro das fronteiras de 1967, com Jerusalém como capital”, pontuou.

A declaração de Nizar Traboulsi reflete o compromisso contínuo de seu partido em buscar justiça e paz na região e destaca a importância da solidariedade internacional na resolução do conflito palestino-israelense. A situação na Palestina continua sendo um dos problemas mais críticos na arena geopolítica global, e as palavras do secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista Unificado da Síria ecoam a necessidade de um esforço conjunto para encontrar uma solução justa.

(por Cezar Xavier e Moara Crivelente)