O sindicato realizou assembleias de trabalhadores durante os preparativos da greve | Foto: Reprodução

O sindicato United Auto Workers (UAW), que representa cerca de 150 mil trabalhadores de três importantes fábricas de automóveis dos Estados Unidos, anunciou a primeira paralisação simultânea de operários dos fabricantes com sede em Detroit: General Motors, Ford e Stellantis (conglomerado que hoje tem desde a Chrysler, Dodge até a Peugeot entre as subsidiárias). A greve tem início nesta sexta-feira (15) e se estenderá por três dias.

Shawn Fain, presidente do UAW, anunciou ontem à noite o começo da greve devido à falta de acordo para assinatura de novos contratos, denunciando perdas médias de 30% em termos salariais nos últimos vinte anos.

“Os três grandes na indústria automotiva podem dar-se ao luxo de nos dar a nossa parte justa”, alertou Fain anteriormente, advertindo que “se decidirem não o fazer, escolherão atacar-se a si próprios e não temos medo de agir”.

No entanto, os dados corroboram que na última década os três grandes fabricantes de automóveis obtiveram mais de 250 bilhões de dólares em lucros e recompensaram os acionistas com dezenas de bilhões.

“Estas empresas vêm ganhando dinheiro graças ao nosso trabalho”, disse Paul Sievert, que trabalha na fábrica da Ford em Wayne há 29 anos. “Acho que é hora de recebermos algo em troca”.

“Eles poderiam duplicar os nossos aumentos e não aumentar os preços dos automóveis, e ainda assim obter bilhões de dólares em lucros”, disse Fain, denunciando a exploração dos trabalhadores.

O dirigente do UAW comentou ainda que as empresas rejeitaram a reivindicação do sindicato de um aumento salarial de 46% a ser repassado ao longo de quatro anos, o aumento do salário dos aposentados, a restauração das pensões e dos benefícios de saúde aos que tiveram que renunciar durante a crise da indústria há mais de uma década, a redução da jornada de trabalho e a sindicalização dos trabalhadores nas fábricas de baterias livre de pressões por parte das diretorias.

GREVES EM VÁRIAS CATEGORIAS 

Os trabalhadores do sector automobilístico juntam-se a mais de 170.000 profissionais de comunicação social e escritores que estão em greve exigindo melhores benefícios da Aliança de Produtores de Cinema e Televisão, além de dezenas de paralisações regionais de várias categorias.

Assim, a greve do UAW aumenta o número de trabalhadores em greve nos EUA para o nível mais alto desde 1983, levando o apoio público aos sindicatos ao seu maior nível em quase 60 anos destacou um artigo publicado no site Common Dreams.

A publicação observou que este aumento indica uma mudança social significativa e um despertar para a realidade das condições de trabalho numa economia do século XXI que dá prioridade aos lucros em detrimento das pessoas.

Fonte: Papiro