Mauro Cid | Foto: Alan santos/PR

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, prorrogou, pela oitava vez, por mais 90 dias, o inquérito das milícias digitais, que apura a existência de grupos organizados que disseminam ideias golpistas nas redes digitais. O inquérito também investiga as joias sauditas vendidas ilegalmente. 

Assim, a patranha das joias sauditas, que foi desvendada por reportagem do Estadão em março vai continuar repercutindo e deixando cada vez mais enredado o ex-presidente da República.

Neste inquérito, Moraes incluiu a investigação sobre a venda de presentes dados por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo as joias sauditas.

Também foi no âmbito deste inquérito que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fechou acordo de colaboração premiada no início do mês.

Ainda não se sabe ao certo os termos da colaboração de Cid. Mas ele deve falar não só da venda ilegal dos presentes.

E também sobre qualquer envolvimento de Bolsonaro em atos golpistas e sobre, ainda, a fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e da filha dele.

Foi no âmbito desta última apuração que Cid acabou preso, em maio, e solto só depois de confirmar o acordo para a colaboração.

No caso das investigações sobre venda de presentes, em agosto, a PF (Polícia Federal) cumpriu mandados de busca e apreensão contra o pai do “ex-faz-tudo”, general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid; o advogado de Bolsonaro Frederick Wassef; e o segundo-tenente Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Investigadores da PF identificaram o rosto do general no reflexo da fotografia usada para negociar, nos Estados Unidos, esculturas recebidas como presente oficial.

A investigação mostrou que presentes foram levados aos EUA, em dezembro do ano passado, pouco antes do fim do mandato de Bolsonaro.

Dentre as joias, estava um conjunto com 2 esculturas de barco e palmeira. Esses presentes foram recebidos em novembro de 2021 na viagem de Bolsonaro ao Bahrein, e 1 dos conjuntos de joias da Chopard recebidos por Bolsonaro como presente oficial da Arábia Saudita, composto por caneta, anel, abotoadeira, rosário árabe e relógio.

Esses presentes de altíssimo valor, por lei, deveriam ter sido incorporados ao acervo da Presidência da República. Todavia, não foi isto que foi feito. Foram incorporados, ilegalmente, ao patrimônio pessoal de Bolsonaro. E alguns foram vendidos ilegalmente.

Segundo a PF, o dinheiro apurado com a venda desses objetos, que não eram do ex-presidente, foi repassado ao ex-chefe do Executivo.

A investigação envolve os presentes de alto valor que Bolsonaro recebeu quando ainda era presidente da República (2019-2022).

O kit da Chopard foi recebido em outubro de 2021, durante viagem do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, à Arábia Saudita, o governo Bolsonaro recebeu kit com itens da marca suíça Chopard que incluía: caneta, anel, par de abotoaduras, rosário islâmico (“masbaha”) e relógio.

Esse kit teria sido trazido pelo próprio ministro na bagagem pessoal sem ser declarado e permanecido guardado no cofre do prédio do ministério por mais de 1 ano, até ser registrado e enviado ao acervo da Presidência da República.

Fonte: Página 8