"Mediterrâneo se torna cemitério da dignidade", denuncia o papa Francisco | Foto: Alberto Pizzoli/AFP

O papa Francisco condenou a repressão às organizações que resgatam migrantes no mar Mediterrâneo de “gesto de ódio” e disse que o mar que margeia o sul da Europa e o norte da África se tornou o “cemitério da dignidade” diante dos milhares que morrem afogados tentando a travessia.

Ao falar para 50 mil pessoas no estádio Velodrome, de Marselha, nesta sexta-feira (22) o Papa conclamou os governos europeus a uma ação conjunta para enfrentar o drama dos refugiados e condenou a ação de governos europeus: “Não podemos nos resignar a ver humanos sendo tratados como fichas de barganha, presos e torturados de maneiras atrozes”.  

“É preciso que se resgate os imigrantes” disse Francisco, insistindo em que não fazê-lo é “gesto de ódio”.

No sábado, o Papa voltou a tratar da tragédia, dizendo que “há um doloroso clamor nesta transformação do Mediterrâneo de ‘mare nostrum’ em ‘mare mortuum’”, insistindo na expressão de “cemitério da dignidade” ao se referir ao mar. “Há um choro sufocado dos irmãos e irmãs imigrantes. Temos que ouvir seu clamor de dor na busca de vidas melhores”, declarou.

“É enorme a nossa necessidade por uma comunidade de nações, enquanto alguns querem ver este sonho minguar”, acrescentou Francisco.

“Não podemos deixar de receber os que buscam refúgio diante de guerras, forme e pobreza, sua exclusão é escandalosa, repulsiva e um pecado”, concluiu o papa.

De acordo com a agência da ONU para refugiados (UNHCR, sigla em inglês), chegaram à Europa cerca de 178.500 imigrantes vindos pelo Mediterrâneo, sendo que somados os mortos e desaparecidos na travessia deste ano, o número passa de 2.500.

Em recende pronunciamento na Assembleia Geral da ONU, o presidente da República Centro-Africana, Faustin Touadera, denunciou que a causa da migração massiva a partir de países africanos é a pilhagem das riquezas naturais dos países do continente e a exploração exercida pelas potências coloniais e sua atual política imperialista e neocolonial.

Fonte: Papiro