Padres celebram missa em bairro popular de Buenos Aires em solidariedade ao Papa | Foto: Carlos Esteban/Infovaticana

Padres comunitários e de bairros populares da Argentina celebraram uma missa de desagravo e apoio ao Papa Francisco diante dos “ultrajes” do candidato presidencial fascista Javier Milei, que o chamou de “imbecil” e “jesuíta que promove o comunismo; personagem pouco apresentável e nefasto, e representante do maligno na Terra”.

Com as ruas em torno da igreja lotadas, a missa “em desagravo pelos ultrajes ao papa Francisco na campanha política” com vistas às eleições gerais de 22 de outubro na Argentina foi realizada em um altar construído na favela 21-24, onde fica a paróquia de Nossa Senhora do Milagre de Caacupé, no bairro Barracas, onde o Papa ia aos domingos e nas festas religiosas, quando era o arcebispo de Buenos Aires Jorge Mário Bergoglio.

Além dos moradores, compareceram lideranças políticas, de organizações sociais, sindicatos e autoridades como o ministro da Cultura, Tristán Bauer.

O padre José María Pepe di Paola da Equipe de Padres de Vilas e Bairros Populares da Capital e Província de Buenos Aires, numa entrevista à rádio AM750, afirmou que eram “repudiáveis os ultrajes dirigidos ao Papa Francisco”. Entre outras diatribes,Milei, afirma que “este homem (o Papa) acredita na merda da justiça social”.

DISPARATES DE MILEI

“Falou disparates, porque a justiça social nasce do mandamento do amor. De uma liberdade bem compreendida. Milei rompeu com os valores do Evangelho”, acrescentou Di Paola. “Esta missa é uma reparação por esta cascata de insultos vergonhosos daquele que pretende ser presidente da República”, assinalou.

“O Papa prega a favor de um mundo com amizade social, onde não haja pessoas descartadas ou esquecidas. E é por isso que o Papa muitas vezes recebe ofensas e insultos”, disse Dom Gustavo Carrara, vigário geral da Arquidiocese de Buenos Aires e responsável pela Pastoral das Comunidades da capital.

No final da celebração, foi lida uma declaração, assinada por mais de 70 sacerdotes, na qual expressaram o “mais forte repúdio às diversas manifestações” que “afetam a pessoa do Papa Francisco”, questionaram as ideias de Milei de encolher o Estado e cortar gastos públicos e salientaram que a ajuda estatal é necessária nos bairros mais pobres.

“Divinizar o mercado leva à desumanização através do esquecimento dos mais fracos. Se você só acorda os leões, é lógico que comam os cordeiros mais indefesos”, ressaltaram os sacerdotes, aludindo à figura do leão com que se identifica o candidato presidencial da mal denominada coalizão ‘A Liberdade Avança’.

O grupo de sacerdotes questionou “se alguém com este distúrbio emocional” consegue “suportar as tensões do cargo público a que aspira”. Na terça-feira (5), com cartazes de “são 30 mil” – número reconhecido como o que dimensiona o extermínio de oposicionistas cometido pela sanguinária ditadura de Videla –, milhares de argentinos rechaçaram diante da Assembleia Legislativa em Buenos Aires, o ato de apologia dos genocidas que encabeçou a candidata a vice de Javier Milei, Victoria Villarruel. O protesto foi convocado pelas Avós da Praça de Maio, entidades populares, organizações de defesa dos direitos humanos e partidos democráticos.

Fonte: Papiro