Foto: Camila Boehm/Agência Brasil

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) planeja lançar um programa emergencial de repatriação de pesquisadores. De acordo com a pasta, o chamado Programa de Repatriação de Talentos – Conhecimento Brasil representa um “esforço para atrair de volta pesquisadores brasileiros que saíram do país, de forma a fixá-los em instituições e empresas nacionais e com foco nas áreas estratégicas e na redução das assimetrias regionais”.

Em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, o secretário-executivo do Ministério, Luis Manuel Rebelo Fernandes, afirmou que “nós continuamos formando muitos mestres e doutores, mas sem a criação de oportunidades para fixar esses talentos e esse conhecimento no qual o país investiu, reverter isso para atividades dentro do Brasil”. De acordo com o secretário, não há um levantamento de quantos cientistas estão fora do Brasil atualmente, mas “de qualquer maneira, uma vez lançado o programa, a própria demanda apresentada vai nos dar uma dimensão do problema”, continuou.

De acordo com a reportagem, um levantamento do grupo AG Immigration mostra que, em 2021, foram concedidos 206 vistos EB1 e 390 vistos EB2, ambos destinados a pesquisadores e profissionais de destaque nas ciências. No ano passado, esses números subiram para 385 e 1.499, respectivamente.

Para a Associação Nacional de Pós-Graduandos ANPG, a reversão desse quadro passa pela garantia de aplicação e ampliação do orçamento para pesquisa no país, com valores mais competitivos de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado. Atualmente, um doutorando com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ganha R$ 3.100 por mês. De acordo com Vinícius Soares, presidente da Associação, “vivemos condições adversas para a produção científica nos últimos anos. Houve toda a condição política do país, inclusive de perseguição aos cientistas, o desmonte no orçamento”.

Conforme a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em 2021, o país formou aproximadamente 80 mil pessoas em cursos de pós-graduação stricto sensu, incluindo doutorado (20.671), doutorado profissional (12), mestrado (45.359) e mestrado profissional (13.943).

Fonte: Página 8