"França, saia do meu país", diz cartaz erguido por nigerino em ato diante da embaixada francesa | Foto: AFP

“A França decidiu retirar o seu embaixador. Nas próximas horas o nosso embaixador e vários diplomatas regressarão à França”, disse o presidente Emmanuel Macron à televisão France 2 no domingo (24). A expulsão havia sido determinada pelo governo do Níger em agosto, mas a potência ex-colonial vinha se negando, dizendo que só atenderia se a ordem viesse do derrubado fantoche Mohamed Bazoum.

Em julho, um levante militar, aclamado pela população nas ruas, pôs fim ao regime de Bazoum, suspendeu os acordos militares com Paris e exigiu a retirada dos 1.500 soldados franceses. O que repete a onda de revoltas contra a perpetuação da exploração francesa na região do Sahel, desestabilizada desde a destruição da Líbia pela OTAN em 2011 com ajuda de bandos jihadistas, que se espalharam pelos países vizinhos. Como consequência disso, outros governos pró-franceses e pró-americanos no Mali, Guiné e Burkina Faso caíram anteriormente.

Macron anunciou, ainda, que as tropas francesas regressariam a casa “nos próximos meses”, pois Paris estava “pondo fim à nossa cooperação militar com as autoridades do Níger”. Nas últimas semanas, manifestantes nigerinos vinham se reunindo semanalmente diante da base francesa na capital Niamey para exigir a retirada.

O rompimento desse acordo havia sido exigido já em julho pelo novo governo do Níger, assim como a retirada das tropas francesas. Em agosto, fora revogada a imunidade diplomática do embaixador francês Sylvain Itte, por sua ingerência nos assuntos internos do país africano. Na semana passada, Macron acusara o Níger de o manter “refém”.

Apesar de concordar com as exigências do Níger, Macron insistiu que a França continua a reconhecer Bazoum como a “única autoridade legítima”. Quando estiver concluída a retirada do Níger, apenas algumas dezenas de soldados franceses permanecerão no Chade.

Na semana passada, Níger, Mali e Burkina Faso anunciaram a formação de uma aliança militar, que se contraporá a qualquer tentativa do bloco regional Cedeao (África Ocidental) de invasão do Níger, como vem sendo ameaçado. A Aliança dos Estados do Sahel, como será conhecido o bloco de três nações, também trabalhará em conjunto para combater o terrorismo e proteger as suas fronteiras partilhadas, segundo o ministro da Defesa do Mali, Abdoulaye Diop.

Fonte: Papiro