Jantar da Fiesp em Nova York mostrou união em torno do Governo
Ainda ressoam os impactos do jantar oferecido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva em Nova York promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) no último domingo (17), como parte de sua visita aos Estados Unidos para a 78ª Assembleia Geral da ONU. Este encontro exclusivo reuniu importantes figuras do cenário político, empresarial e global, gerando interesse e repercussão.
O jantar de gala foi organizado pelo presidente da Fiesp, Josué Alencar, e teve lugar no luxuoso restaurante Fasano, que também é famoso no Brasil. Lula foi acompanhado por uma comitiva que incluiu ministros de seu governo, como Fernando Haddad e Marina Silva. O que chamou atenção foi a estratégia de Lula de espalhar os ministros em mesas diferentes, criando um ambiente propício para diálogos produtivos.
Além disso, Lula trouxe consigo algumas das figuras mais influentes da política brasileira, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas. A presença do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, também foi notável.
Analistas internacionais destacaram o fato de Lula realizar um feito que Biden não consegue nos EUA: trazer as pessoas que importam para perto de si e para participar do jogo mais urgente. Lula vendeu um ativo precioso neste momento, a união entre poderes e forças produtivas em torno da reconstrução nacional. Até mesmo setores que resistiam ao jogo de Lula, e muitos observaram isso, estiveram presentes.
União e Reconstrução
O principal objetivo desse encontro estratégico era “vender” o Brasil para investidores globais, mostrando a unidade dos setores políticos e econômicos em torno do governo e mostrar que a era de instabilidades políticas de Bolsonaro é passado.
Lula compareceu ao evento com uma mensagem clara de unidade, destacando a estabilidade institucional e o alinhamento entre os poderes no Brasil. Ele enfatizou que o país está unido na busca pela reconstrução econômica e por seu papel global.
Essa mensagem foi especialmente bem-recebida pelos investidores presentes, que incluíam o presidente global do Google, a CEO da American Society, e até mesmo representantes do maior fundo do mundo, o Mubadala, com sede nos Emirados Árabes. A presença de líderes empresariais como o presidente da CNI, Robson Andrade, e Benjamin Steinbrück, bem como Luísa Trajano, solidificou o evento como uma oportunidade única de atrair investimentos para o Brasil.
Poderes unidos
Os investidores aproveitaram a oportunidade para fazer perguntas a Lula, que focou suas respostas em questões cruciais de infraestrutura e medidas de sustentabilidade. Muitos investidores acreditam que o Brasil pode se tornar um líder global em investimentos verdes.
Lula também alertou sobre as mudanças climáticas e os impactos desproporcionais que elas têm sobre as populações mais pobres. Essas preocupações com as questões sociais e ambientais devem ser destaque em seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU.
Após o jantar, a Fiesp ampliou sua agenda nos EUA com a primeira edição do seminário “Brasil em foco: mais verde e comprometido com o desenvolvimento sustentável”, organizado pela entidade da indústria e a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), nesta segunda-feira (18) na Bolsa de Valores de Nova York. Novamente, as entidades reuniram autoridades e industriais brasileiros, investidores e representantes de empresas americanas. O objetivo do encontro era discutir políticas públicas, oportunidades de negócios e de investimentos em transição ecológica e energética, descarbonização e infraestrutura voltadas ao crescimento sustentável.
Josué pontuou o clima de unidade no jantar como um ambiente de fortalecimento institucional que ajuda os empresários. “Com as nossas instituições fortalecidas, é muito estimulante para nós, empresários brasileiros e do mundo inteiro, assistirmos o que está acontecendo no Brasil: os poderes unidos e dispostos a tomarem as decisões necessárias para o desenvolvimento nacional”, disse ele, ao destacar a presença de vários ministros do governo Lula, dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, da Câmara, Arthur Lira, e do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, além de representantes do judiciário.
Josué afirmou que há a percepção de que esta é a década do sul global: “Venham investir no Brasil. O Brasil está aberto para negócios, especialmente negócios verdes e sustentáveis, é um país jovem, moderno, que ama a democracia e que tem instituições que dão a vocês segurança para investir”, conclamou aos investidores, ressaltando que o país oferece energia verde, como eólica, solar e biomassa.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, assegurou que a pauta verde está entre as prioridades para o segundo semestre deste ano e se mostrou disposto a assumir a agenda do governo Lula, como a regulamentação do mercado de carbono e o projeto de regulamentação da geração de energia eólica em alto mar. Também quer aprovar na Câmara o marco regulatório de transição para uso de hidrogênio verde ainda neste semestre. A ideia é usar o combustível para descarbonizar a frota nacional de transporte de carga e reduzir a dependência de diesel.
Já o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, defendeu que “a proteção dos biomas e o combate às queimadas ilegais são prioritários para garantir a preservação das florestas brasileiras”. Pacheco também reforçou o discurso de Lula em defesa de uma pauta ambiental sólida como a antecipação das metas do Acordo de Paris para conter o aquecimento global.
Já o presidente da CNI, Robson Andrade, reforçou que a indústria brasileira está comprometida com a pauta da economia verde, enfatizando o momento político para isso. “Temos vantagens comparativas e competitivas para atração de investimentos e desenvolvimento de empresas”, afirmou Andrade. “É o momento oportuno de fazer um chamamento a todos investidores e empresários que olhem o Brasil com perspectiva de futuro promissor”.
Próximos passos
Antes do jantar com 130 convidados, incluindo 22 investidores proeminentes, Lula já havia se encontrado reservadamente com investidores. Esse evento foi uma oportunidade adicional para fortalecer as relações e atrair investimentos para o Brasil.
Em suma, o jantar da Fiesp em Nova York foi mais do que um evento social; foi uma estratégia bem planejada para posicionar o Brasil como um destino atrativo para investimentos globais, enfatizando a estabilidade e o compromisso com a sustentabilidade. Essa abordagem parece ter gerado entusiasmo entre os investidores presentes e promete impactar positivamente a economia brasileira.
(por Cezar Xavier)