Nebenzia repercutiu as denúncias de Seymour Hersh na ONU | Foto: Don Emmert/AFP

Ao recordar nesta terça-feira, 26 de setembro, o primeiro ano da explosão da rede de tubulações de gás Nord Stream I e II pelos Estados Unidos, o representante russo na Organização das Nações Unidas (ONU), Vasili Nebenzia, repudiou o “atentado terrorista que afetou a infraestrutura internacional de gasodutos, com graves consequências econômicas e para o meio ambiente de numerosos países”. Através do número I, a Rússia abastecia a Alemanha por baixo do Mar Báltico e o número II, estava prestes a ser inaugurado.

Conforme Nebenzia, apesar do esforço da Otan e da mídia ocidental a seu serviço em encobrir sua implicação, se multiplicam os indícios de que suas digitais estão por detrás do crime.

“Na comunidade de especialistas, surgem cada vez mais provas de que a sabotagem do Nord Stream é obra de Washington, que optou por este ato criminoso ultrajante, guiado por um desejo estritamente egoísta de consolidar o seu domínio na Europa, que precisa desesperadamente dos recursos energéticos russos”, afirmou o diplomata em discurso durante reunião do Conselho de Segurança da ONU.

De acordo com Nebenzia, é preocupante que “em vez de investigar as circunstâncias do ocorrido sejam feitas tentativas para encobri-las”. “No espaço midiático ocidental, está sendo coordenada uma campanha de hipóteses absolutamente absurdas sobre os acontecimentos”, acrescentou.

Como exemplo, o diplomata mencionou as insinuações de que a Rússia estava por trás das explosões de gasodutos que operavam completamente a seu favor; ou que pudesse ter sido feito por turistas que navegavam em um iate à vela, por iniciativa própria e sem apoio de nenhum governo; ou ainda por ordens diretas do comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, mas sem que o presidente Vladimir Zelensky tivesse qualquer conhecimento.

“Ainda mais absurdas são as informações publicadas em alguns meios de comunicação europeus de que os serviços de inteligência de alguns países ocidentais estavam supostamente cientes dos planos ucranianos e até os dissuadiram, mas que, no final, estes teriam feito à sua maneira”, ressaltou.

“Caros colegas, é impossível ignorar o que une todas essas versões: cada uma nega o envolvimento de Washington neste crime. E tudo isso começou a crescer como cogumelos após a chuva, logo após a publicação no início deste ano de uma extensa investigação do jornalista estadunidense e ganhador do Prêmio Pulitzer, Seymour Hersh”, sublinhou Vasili.

Municiado por suas fontes, o premiado jornalista investigativo revelou que o governo Biden, usando elementos da CIA (Agência Central de Inteligência), foi o responsável pelo atentado. Hersh esclareceu que “a administração Biden explodiu os gasodutos, mas estas ações não tiveram nada a ver com vencer ou acabar com a guerra na Ucrânia”, mas sim “por causa do receio da Casa Branca de que a Alemanha hesitasse em cortar o fluxo de gás russo e que Berlim, e depois a Otan, caíssem, por razões econômicas, sob a influência da Rússia e dos seus vastos e baratos recursos naturais”. Foi daí, sustenta o jornalista estadunidense no seu artigo na plataforma Substack, que teria surgido “o principal receio: que os EUA perdessem a sua primazia de longa data na Europa Ocidental”.

O representante russo propôs que os membros do Conselho de Segurança da ONU se familiarizem com os novos materiais de Hersh, publicados terça-feira.

“Não tenho dúvidas de que hoje ouviremos novamente dos colegas ocidentais que a Rússia está distraindo o Conselho de problemas mais graves ao insistir em debater o ataque terrorista ao Nord Stream”, afirmou Vasili, denunciando esta tática “simples e compreensível” que procura “arrastar o assunto o máximo que puderem, de preferência mais um ano, dois, três, para depois alegar que passou muito tempo para se investigar”. Diante da presunção de que podem fazer Moscou vacilar na sua cobrança por justiça, o diplomata aconselhou “que não desperdicem tempo nem energia com isto, pois todas essas tentativas estão fadadas ao fracasso”.

Para assegurar que a verdade prevaleça, informou que a Rússia apresentará em breve um projeto de declaração ao Conselho de Segurança sobre a sabotagem aos gasodutos.

Fonte: Papiro