Monumento erigido no Canadá em homenagem à 1ª Divisão Galizia de colaboradores com os nazistas na Ucrânia | Foto: Reprodução

O Canadá pode desclassificar registros de criminosos de guerra nazistas admitidos no país após a Segunda Guerra Mundial, disse o ministro da Imigração, Marc Miller, na quarta-feira. O governo do Canadá está atualmente envolvido no escândalo da homenagem a um veterano ucraniano da Waffen SS, aplaudido de pé, no parlamento na semana passada, durante a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, acompanhado pelo primeiro-ministro Justin Trudeau.

“O Canadá tem uma história realmente sombria com os nazistas”, disse Miller ao jornal National Post. “Houve um ponto na nossa história em que era mais fácil entrar como nazista do que como judeu. Acho que é uma história que temos que reabrir.”

Um relatório encomendado pelo governo canadense em 1985 registrou que havia “quase 900” soldados nazistas, cientistas e seus associados vivendo no Canadá na época, incluindo cerca de 600 membros da 14ª Divisão de Granadeiros Waffen das SS, também conhecida como Primeira Divisão Ucraniana ou 1ª Divisão da Galiza.

Segundo o Centro Simon Wiesenthal, uma organização judaica que rastreia nazistas foragidos, o verdadeiro número de criminosos de guerra escondidos no Canadá estava mais próximo de 3.000 do que de 900, afirmação feita em 1997.

Formada em 1943 e composta por colaboracionistas ucranianos da ocupação hitlerista, 1ª Divisão da Galiza se tornou tristemente famosa pelas atrocidades que cometeu contra judeus, poloneses e soviéticos.

O relatório canadense de 1985 recomendou que os membros individuais da divisão não fossem processados pelos crimes de guerra da sua unidade. Afirmou também que os membros da divisão não deveriam ser deportados, uma vez que “as autoridades canadenses estavam plenamente conscientes” das suas atividades durante a guerra quando entraram no país após o conflito.

Enquanto os imigrantes judeus eram detidos como “estrangeiros inimigos”, os nazistas podiam entrar livremente no Canadá “mostrando a tatuagem da SS”, disse o historiador Irving Abella ao ’60 Minutes‘ em 1997, explicando que esta marca distintiva provava que o seu portador tinha servido na elite e era um “anticomunista” empenhado.

Miller, membro do Partido Liberal do primeiro-ministro Trudeau, sugeriu que o governo desclassificasse os nomes dos nazistas que se sabe terem entrado no Canadá após a guerra. O Ministro da Justiça, Arif Virani, no entanto, recusou-se a dizer se apoia esta ideia. Em vez disso, disse ao National Post que os investigadores canadenses de crimes de guerra só deveriam processar aqueles que cometeram “crimes como o genocídio”.

A relação íntima do Canadá com o Terceiro Reich foi notícia internacional na sexta-feira passada, quando Yaroslav Hunka, de 98 anos, um veterano da 14ª Waffen SS, foi convidado de honra para a reunião do parlamento com o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, em visita ao país, e foi aplaudido de pé. Observadores atentos da cena garantem que foi preciso muito esforço a Hunka para não saudar a plateia com um anauê mais escrachado.

Enternecidos com a cena de reconhecimento no parlamento do país vizinho, nazistas da SS homiziados nos EUA publicaram foto de Hunka, jovem, fardado de nazista, e a casa veio abaixo.

A “homenagem” foi prontamente denunciada pelos embaixadores polonês e russo no Canadá – que dificilmente concordam sobre qualquer assunto – e repudiada por entidades judaicas e pelo porta-voz do secretário-geral da ONU.

Fonte: Papiro