Antony Blinken com Zelensky | Foto: Reprodução

Tendo como cenário o fiasco da contraofensiva de Kiev na guerra por procuração da Otan contra a Rússia na Ucrânia, o secretário de Estado Antony Blinken chegou “de surpresa” na quarta-feira (6), levando na bagagem promessa de mais US$ 1 bilhão para o regime Zelensky e munição de 120 mm de urânio depletado para os tanques Abrams a serem entregues.

Além de reiterar o empenho de Washington, e em especial do governo Biden, com a guerra “até o último ucraniano” e “pelo tempo que for necessário”.

A visita de “surpresa” foi cuidadosamente cronometrada, antecedida pela demissão do então ministro da Defesa por alguém ainda mais umbilicalmente imbricado com os norte-americanos, Rustem Umerov; a prisão do biliardário Ihor Kolomoisky, ex-padrinho político de Zelensky, por “corrupção”; e uma provocação com míssil em uma cidade do Donbass sob controle de Kiev, Kostyantynivka, disparado contra um mercado, que matou 16 pessoas. Vídeos exibidos pelas redes sociais rapidamente mostraram que o míssil, na verdade, veio das próprias posições ucranianas, como se comprovou na estação de trem de Kromatorsk.

A urgência no “combate à corrupção” – que antecedeu a chegada de Blinken – tem mais a ver com os problemas da candidatura Biden nos EUA diante da exposição do envolvimento do filho Hunter em corrupção na Ucrania, logo depois do golpe de 2014, na empresa de gás Burisma, do que propriamente por algum interesse súbito de Kiev em deter a roubalheira. Há uma investigação judicial em curso nos EUA contra Hunter, em que Biden e denunciado como favorecido pela intermediação feita pelo filho.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reagiu à “visita surpresa” de Blinken a Kiev, apontando que estava claro que Washington planejava continuar a bancar a guerra da Ucrânia “até o último ucraniano”.

“Por outras palavras, eles vão continuar a apoiar a Ucrânia em estado de guerra e a travar esta guerra até o último ucraniano, sem poupar dinheiro para isso. É assim que percebemos, sabemos disso. Não vai afetar a operação militar especial”.

A Rússia também denunciou como “indicador de desumanidade” o plano dos EUA de fornecer à Ucrânia munição contendo urânio depletado. “Obviamente, Washington, obcecado com a ideia de infligir uma ‘derrota estratégica’ à Rússia, está pronto para lutar não só até o último ucraniano, mas para pôr fim às gerações futuras”, se pronunciou a embaixada russa nos EUA.

Como registraram analistas, a contraofensiva do regime de Kiev, cinicamente saudada pela mídia dos EUA como o equivalente aos desembarques do Dia D na Normandia durante a Segunda Guerra Mundial, mal conseguiu arranhar as defesas russas, quanto mais cumprir a suposta meta de “alcançar o Mar de Azov” e abrir caminho para a retomada da Crimeia.

Não há dados de Kiev sobre seus mortos na frustrada ofensiva, mas recentemente o Ministério da Defesa russo estimou em 66 mil. O que parece confirmado pelas cenas de ampliação de cemitérios na Ucrania banderizada e pela extensão da convocação obrigatória até a doentes de HIV e tuberculose e, inclusive, de homens de meia idade, além de pressão para que os países europeus deportem refugiados ucranianos para virarem carne de canhão substituta99. Café.

KROMATORSK 2.0?

O disparo de um míssil contra um mercado em Konstantinovka, na quarta-feira, em que 17 pessoas morreram e outras ficaram feridas se trata de uma operação de bandeira trocada, denunciaram as redes sociais, repudiando declaração de Zelensky acusando a Rússia.

O vídeo mostra transeuntes olhando para cima e em direção à cidade de Druzhkovka, controlada pela Ucrânia, antes do impacto. Em câmera lenta, o reflexo do foguete pode ser visto nos tetos de dois carros, indicando claramente que o foguete veio da região noroeste da Ucrânia. O ataque ocorreu poucas horas antes da chegada do secretário de Estado Blinken a Kiev.

Pouco depois da explosão, a mídia ucraniana, citando os militares, informou que o ataque foi realizado com o sistema antiaéreo S-300 pelos russos. No entanto, o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, afirmou mais tarde em um discurso em vídeo que Konstantinovka havia sido atingido por “artilharia russa”.

Um blogueiro russo, Roman Donezki, reagiu em seu canal Telegram: “Quando escrevi ontem que em conexão com a visita a Blinken haveria uma massa de vítimas civis que seriam mortas pela própria Ucrânia, não pensei que isso aconteceria na parte ocupada da República Popular de Donetsk. O vídeo mostra um som claro de saída e chegada em segundos. Agora os ucranianos podem exigir mais defesas antiaéreas e dinheiro do bolso americano.”

O caso lembra muito a tragédia na cidade de Kramatorsk, controlada pela Ucrânia, em 8 de abril de 2022, também localizada no Donbass. 61 pessoas morreram lá quando um míssil balístico ucraniano Tochka atingiu as imediações da estação ferroviária da cidade. O lado ucraniano acusou imediatamente a Rússia de ser responsável pelo ataque.

Nas semanas que se seguiram, o ataque mortal a Kramatorsk fez parte da propaganda anti-russa ucraniana e ocidental, embora a configuração das partes do projétil encontradas indicasse desde o início que o ataque veio de posições ucranianas. 

Isso mudou quando uma equipe australiana filmou o número de série do míssil, provando que se tratava de um míssil de estoque ucraniano. Imediatamente depois, Kramatorsk desapareceu da propaganda ocidental e quase nunca mais é mencionado.

Fonte: Papiro