Trump (d) com advogado de defesa, Todd Blanche (c), no Tribunal Federal em Washington | Foto: Esboço de artista/AP

Promotoria dos Estados Unidos apresentou um pedido de ordem de proteção contra Donald Trump para impedi-lo de praticar intimidação de testemunhas. A medida foi solicitada pelo procurador especial Jack Smith à juíza Tanya Chutkan, do Tribunal Distrital de Washington, após uma publicação do ex-presidente nas redes sociais em tom de ameaça aos envolvidos nos processos em que é réu.

“Se você vier atrás de mim, eu vou atrás de você!”, escreveu Trump, em letras maiúsculas, na sua rede Truth Social, na última sexta-feira – um dia depois de se declarar inocente de acusações sobre ter realizado uma conspiração criminosa para tentar reverter sua derrota para Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020, e de ser alertado por uma juíza de que ameaçar ou intimidar testemunhas era um crime.

“Se o réu começasse a emitir postagens públicas usando detalhes – ou, por exemplo, transcrições do grande júri – obtidos na fase pré-julgamento, isso poderia ter um efeito prejudicial para as testemunhas ou afetar adversamente a administração justa da justiça neste caso”, escreveram os promotores assistentes Molly Gaston e Thomas Windom, que trabalham na equipe liderada pelo promotor especial Jack Smith.

“Tal restrição é particularmente importante neste caso porque o réu já emitiu declarações públicas agressivas nas mídias sociais sobre testemunhas, juízes, advogados e outros associados a questões legais pendentes contra ele”, acrescentaram.

Sob o processo conhecido como ‘descoberta’, os promotores são obrigados a fornecer aos réus as provas contra eles para que possam preparar sua defesa.

“Isso pode ter um efeito prejudicial para as testemunhas ou afetar adversamente a justa administração da justiça neste caso”, escreveram os promotores, observando que o magnata já havia atacado juízes, advogados e testemunhas em outros casos contra ele.

No final do dia, Trump apareceu diante de seus apoiadores no Alabama, chamando as acusações contra ele de “um ato de desespero de um fracassado, desonroso e desonesto Joe Biden e seus bandidos radicais de esquerda para preservar seu controle do poder”.

Ameaças de morte contra juízes e promotores tem sido cada vez mais frequentes, enquanto o ex-presidente alimenta a narrativa de que é alvo de uma caça às bruxas, executada por um Departamento de Justiça instrumentalizado pela Casa Branca de Joe Biden.

Responsável pela acusação mais recente contra Trump, o promotor especial Jack Smith, fez um breve pronunciamento sobre o caso, na terça-feira, acompanhado por três seguranças, apresentando uma moção instando a juíza Tanya Chutkan, do Tribunal Distrital de Washington, a entrar com uma ordem de proteção para impedir essa potencial intimidação de testemunhas pelo ex-presidente norte-americano por meio de possível divulgação inadequada de detalhes sobre o caso antes do julgamento.

Em Nova York, o promotor Alvin Bragg, que lidera as investigações sobre fraudes fiscais das Organizações Trump e o suborno a uma ex-atriz pornô antes das eleições de 2016, recebeu uma carta com ameaças de morte contendo pólvora — horas depois de uma postagem do ex-presidente alertar sobre “potencial morte e destruição” se ele fosse indiciado.

Plataformas de mídia de extrema direita como The Donald e 4chan têm desde então lançado ataques racistas e violentos contra Bragg, que é negro, e apelado para “guerra”, “guerra civil”, “assassinatos”, “terrorismo” e “caos”. Houve também ameaças de morte contra o Procurador-Geral dos EUA Merrick Garland.

Fonte: Papiro