Situação de Faustão mostra importância do sistema de transplante brasileiro
O agravamento do quadro de saúde do apresentador Fausto Silva, que acabou tendo de entrar na lista para receber um coração após a piora de sua insuficiência cardíaca, chamou atenção para um serviço democrático e exclusivamente feito pelo SUS no Brasil: o transplante de órgão. O sistema brasileiro é o maior do mundo neste tipo de atendimento e garante a todos os cidadãos, independentemente da renda, direitos iguais no acesso a essa modalidade de tratamento.
Conforme informações do Ministério da Saúde, a estrutura que a pasta gerencia assegura que 90% das cirurgias atendam à rede pública. Mesmo quem é está na rede privada, precisa entrar nesta lista, que leva em consideração a ordem de inscrição e a gravidade do caso para estabelecer quem receberá o órgão doado, entre outras informações relativas à compatibilidade.
No primeiro semestre de 2023, foram realizados 206 transplantes de coração no país, aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda de acordo com a pasta, os pacientes, por meio do SUS, “recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante”.
Ao todo, 65 mil pessoas aguardam por um transplante de órgãos no Brasil, segundo o MS — maior número dos últimos 25 anos. A maioria, quase 37 mil, espera por um rim; em segundo lugar estão os que necessitam de córnea, somando mais de 25 mil, seguidos de fígado, com mais de 2 mil pessoas e pâncreas/rim, com 392. O coração vem na quinta posição, com 386 pessoas.
Ainda que o número de pacientes que buscam por um novo coração seja pequeno em relação à demanda global por transplantes, por se tratar de um órgão vital, a cirurgia, em geral, torna-se mais urgente, além de depender de o doador ter tido morte cerebral, entre outros fatores. Estima-se que a espera por um transplante cardíaco possa variar de um ano a 18 meses em média, mas de acordo com a gravidade, pode chegar a três meses.
Entraves na doação
A demora em relação aos transplantes tem a ver, sobretudo, com o baixo índice de doação de órgãos. Embora o Brasil seja o país que mais realiza esse tipo de cirurgia — atrás apenas dos Estados Unidos —, a doação de órgãos ainda enfrenta barreiras e fica aquém do necessário.
Diante do crescimento no interesse sobre o assunto nos últimos dias, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, aproveitou as redes sociais para chamar atenção para a doação. “O Brasil tem o maior sistema público de transplante do mundo pelo SUS, mas é essencial a doação de órgãos. Um doador pode salvar até oito vidas. Fale com sua família, só ela pode autorizar a doação e precisa saber sua intenção. Doar órgãos é um ato de amor”, declarou.
De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em 2022, mais de 47% das famílias se recusaram fazer a doação — índice que teve aumento de 18% em relação a 2019. “O Brasil está com uma taxa de negativa muito alta. Essa é uma questão que está relacionada com a conscientização e educação da população sobre transplantes de órgãos”, disse Luciana Haddad, vice-presidente da ABTO. Ainda que possam haver, também, resistências de âmbito religioso, “quando a população conhece e entende o processo, a importância dos transplantes e como essa doação pode salvar vidas, nós conseguimos reduzir essa taxa de recusa”, explica.
O Ministério da Saúde aponta que no Brasil, a retirada de órgãos só pode ser realizada após a autorização familiar. “Assim, mesmo que uma pessoa tenha dito em vida que gostaria de ser doador, a doação só acontece se a família autoriza”. De acordo com a pasta, “a melhor maneira de garantir efetivamente que a vontade do doador seja respeitada é fazer com que a família saiba sobre do desejo de doar do parente falecido. Na maioria das vezes os familiares atendem a esse desejo, por isso a informação e o diálogo são absolutamente fundamentais, essenciais e necessários”.
Para saber mais sobre a doação de órgãos, clique aqui.
Com agências