O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, explica ao Bundestag o desempenho da sua pasta | Foto: Tobias-Schwarz/AFP

A economia da Alemanha estagnou no segundo trimestre (2º trimestre) de 2023, com 0% de crescimento em comparação com o trimestre anterior, de acordo com resultados confirmados publicados pelo Departamento Federal de Estatística (Destatis) na sexta-feira (25). Nos dois trimestres anteriores, o país estava abertamente em recessão.

O consumo privado parou de cair após a curta recessão nos meses de Inverno. As despesas de consumo final do governo também “recuperaram após algumas quedas notáveis” e aumentaram ligeiramente em 0,1%. Ou seja, estagnou também.

“A dinâmica vem principalmente do consumo, tanto privado como público”, disse Axel Lindner, vice-chefe do Departamento de Macroeconomia do Instituto Halle de Pesquisa Econômica (IWH), à Xinhua na sexta-feira.

No entanto, os preços persistentemente elevados continuaram a ter um “efeito perceptível na comparação anual”, observou Destatis. No consumo privado, isso se refletiu sobretudo na redução das despesas com alimentação e bebidas e em serviços de restaurantes e alojamento.

Os consumidores alemães há muito que sentem a difícil situação econômica, observa a Xinhua. De acordo com a Associação Alemã de Varejo (HDE), o sentimento do consumidor em agosto manteve-se num nível baixo. “O consumo não será um grande apoio para a economia num futuro próximo”, alertou recentemente.

A maior economia da Europa também sofre com a fraca demanda internacional. As importações de bens e serviços estagnaram no segundo trimestre, enquanto as exportações caíram 1,1% em comparação com o trimestre anterior, segundo dados oficiais.

“Embora a atividade de investimento tenha expandido moderadamente, a diminuição das exportações segue uma tendência decrescente preocupante”, disse Lindner, sublinhando que as exportações também foram agora mais baixas do que há um ano.

O sentimento entre os gestores alemães “obscureceu ainda mais”, disse o Instituto de Pesquisa Econômica (IFO) na sexta-feira. O Índice de Clima de Negócios teve a quarta queda consecutiva, recuando de 87,4 pontos em julho para 85,7 pontos em agosto. O nível mais baixo desde agosto de 2020. Além disso, as empresas tinham uma visão mais pessimista em relação aos próximos meses. “A economia alemã ainda não está fora de perigo”, afirmou o instituto.

O difícil ambiente econômico também se reflete nas finanças públicas da Alemanha, registra a Xinhua. De acordo com números provisórios publicados pela Destatis na sexta-feira, o déficit governamental no primeiro semestre de 2023 disparou para 42,1 bilhões de euros, de 4,5 bilhões de euros em igual período do ano passado.

O forte aumento dos gastos do governo foi impulsionado principalmente por extensos pacotes de ajuda econômica, incluindo um freio nos preços do gás e do aquecimento, como uma “reação à inflação elevada e aos preços da energia”, disse Destatis. Além, claro, embora não haja sido citado por razões óbvias, pela parte que cabe a Berlim no esforço de guerra contra a Rússia na Ucrânia, que não é pequena.

Nem o efeito bumerangue das sanções que Washington mandou aplicar contra a Rússia e que acabou com o fornecimento do gás russo barato. Em tempo: desindustrialização é um assunto – melhor dizendo, um pavor – que não sai do noticiário.

Para completar o quadro, os principais institutos econômicos baixaram as suas previsões nos últimos meses e esperam agora que a economia alemã encolha entre 0,3% e 0,4% em 2023. O que está em consonância com o relatório econômico mensal do Ministério dos Assuntos Econômicos e da Ação Climática (BMWK), divulgado na semana passada, segundo o qual “os principais indicadores ainda não apontam para uma recuperação econômica sustentada na Alemanha nos próximos meses”.

Fonte: Papiro