Bernardo Arévalo celebra a vitória | Foto: Luis Acosta/AFP

O candidato do Movimento Semilla (Semente), Bernardo Arévalo, venceu o segundo turno das eleições presidenciais da Guatemala, neste domingo (20), com 58,9% dos votos contra Sandra Torres Casanova, do partido Unidade Nacional de Esperança (UNE), que obteve 36,2%, de acordo com a contagem oficial do Tribunal Eleitoral do país.

Os guatemaltecos deram a resposta nas urnas à tentativa de suprimir a candidatura do líder oposicionista Arévalo através de manobras do Ministério Público, que tentou justificar a invalidação da candidatura da oposição com supostas irregularidades no processo de criação da legenda.

Uma ampla movimentação garantiu a candidatura de Arévalo, agora vitorioso.

Essas eleições também adquiriram maior relevância depois que Arévalo quebrou as previsões de pesquisas locais ao chegar ao segundo turno. Algumas pesquisas o colocavam em oitavo lugar entre as preferências do eleitorado.

O agora presidente eleito ganhou aceitação, principalmente da população urbana, por sua campanha anticorrupção e por sua busca de entendimentos em defesa da unidade nacional.

Também teve peso no eleitorado a aceitação do seu pai, o ex-presidente Juan José Arévalo Bermejo, que entre 1945 e 1951 promoveu mudanças para beneficiar a população, encerrando os 13 anos de poder de Jorge Ubico, um admirador de Hitler que submeteu indígenas maias a trabalhos forçados.

Numa eleição em que o voto não é obrigatório, apesar desta vitória contundente, o abstencionismo foi muito alto chegando perto de 50% dos eleitores. A abstenção teve maior incidência nos territórios indígenas, nas pequenas cidades e aldeias.

DIPLOMATA E ESCRITOR

Deputado pelo partido Movimento Semente, entre outros cargos, Arévalo foi embaixador da Guatemala na Espanha entre 1995 e 1996 e vice-ministro das Relações Exteriores entre 1994 e 1995, no governo de Ramiro de León Carpio. Integrou as comissões de Relações Exteriores, Direitos Humanos, Assuntos de Segurança Nacional, Integração Regional, Segurança Social e Previdência, Interior e Educação, Ciência e Tecnologia do Congresso.

Além disso, também é escritor, autor de dezenas de livros e artigos sobre história, política, sociologia e diplomacia.

MANIFESTAÇÕES CONTRA A CORRUPÇÃO

Milhares de pessoas foram às ruas para comemorar os resultados. Muitos eleitores afirmam ver em Arévalo uma esperança de mudança frente aos últimos anos de deterioração institucional e crescente autoritarismo no governo guatemalteco.

“O que o povo está gritando é ‘basta de tanta corrupção’ (…). Vamos trabalhar para garantir instituições que mereçam sua confiança (…). Esta vitória é do povo e agora, unidos como povo de Guatemala, vamos lutar contra a corrupção”, disse Arévalo em sua primeira aparição após saber da vitória.

A posse de Arévalo está prevista para o dia 14 de janeiro. Um de seus principais desafios será governar com um Congresso que lhe será provavelmente opositor.

No primeiro turno, em 25 de junho, o Movimento Semente obteve 24 deputados, enquanto a UNE chegou a 27 e o Vamos, partido oficial que nomeou Manuel Conde para a presidência, obteve a primeira maioria, com 40 cadeiras.

Arévalo substituirá o presidente Alejandro Giammatei, aliado do governo dos Estados Unidos, que chega ao fim do mandato com 76% de rejeição, conforme a pesquisa ProDatos.

Fonte: Papiro