Operação contra Zambelli vira novo pesadelo para Bolsonaro
O cerco se fechou para a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), uma das representantes mais icônicas do “bolsonarismo raiz”. Envolvida em diversos crimes e golpes contra a democracia, Zambelli foi alvo, nesta quarta-feira (2), da Operação 3FA, realizada pela Polícia Federal com autorização do STF (Supremo Tribunal Federal).
A acusação contra a parlamentar é gravíssima: inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no BNMP (Banco Nacional de Monitoramento de Prisões) entre os dias 4 e 6 de janeiro.
Além do já conhecido mandado de prisão falso contra o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, Zabelli seria responsável pela inserção no sistema de 11 alvarás de soltura de indivíduos presos
Ações de busca e apreensão em endereços ligados à parlamentar devem incriminá-la ainda mais. Houve apreensão do passaporte, armas e bens acima de R$ 10 mil com origem indeterminada.
A invasão ao BNMP teve como peça-chave o hacker Walter Delgatti Neto, que foi preso nesta quarta, no âmbito da operação. Em meio às investigações, uma descoberta agravou a denúncia: Delgatti chegou a se reunir em 2022 com Jair Bolsonaro (PL), levado por Zambelli. No encontro, o então presidente lhe perguntou se ele conseguiria invadir as urnas eletrônicas se tivesse acesso a seu código-fonte.
As informações foram levadas à Polícia Federal pelo próprio hacker. Um trecho de seu depoimento menciona o fato: “Encontrou o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica, mas isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do tribunal, e o declarante não poderia ir até lá”.
Não está claro se Bolsonaro queria apenas desmoralizar o sistema eleitoral ou, pior, fraudar a votação em seu favor. Mas a operação já virou o novo pesadelo do ex-presidente.
Zambelli enfrentava quatro Aijes (ação de investigação judicial eleitoral), todas com potencial de cassar seu mandato. A operação desta quarta piora a situação e acelera o calvário político da deputada. Desta vez, porém, Bolsonaro está no centro da trama.
O plano do ex-presidente era vender uma imagem de perseguição política após a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitorla) que determinou sua inelegibilidade por oito anos. Era uma forma de se manter em evidência e preservar seu capital político mesmo diante dos reveses nas urnas, em 2022, e na Justiça, em 2023.
As novas revelações mostram que ainda há um arsenal de ilegalidades bolsonaristas ainda desconhecidas. As chances se o ex-presidente ir para a prisão cresceram ainda mais.