“O que o Texas está fazendo é ilegal”, admite o embaixador dos EUA no México. | Foto: Divulgação

O presidente do México, López Obrador, responsabilizou a perversidade e o oportunismo do governador do Texas, Greg Abbott, pela morte de mais dois imigrantes nas águas do Rio Grande, após a instalação do muro de boias e de quilômetros farpados na fronteira com os Estados Unidos. A medida viola tratados bilaterais de águas e direitos humanos entre os dois países.

“Tudo isso que está acontecendo é muito desumano. Não dá para debater com quem não tem conhecimento da condição humana, não sabe o motivo da migração ou, mesmo que saiba, não se importa. Eles agem de maneira desumana e imoral”, afirmou López Obrador na manhã de sexta-feira (4). Para o líder mexicano, são ações de “propaganda e política” do governador texano, que busca apoio para sua candidatura presidencial pelo Partido Republicano a partir de um rígido controle de fluxos migratórios.

“Acho que suas igrejas vão questionar eles, seus pastores, evangélicos, padres católicos, seus irmãos religiosos, porque além de agirem como maus governos e maus cidadãos, eles também estão agindo como maus cristãos”, frisou Obrador.

Na avaliação do presidente, a realidade vai se impondo e fazendo as pessoas perceber, com seus atos, que “são contrários à fraternidade, ao amor, ao próximo”. “E isso é o que mais importa, porque não há como julgá-los legalmente”, lamentou.

Sobre o fato de um dos dois migrantes que morreram afogados próximos à boia, o líder mexicano apontou que foi informado na quinta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores (SRE) e pelo Instituto Nacional de Migração (INM) de que o corpo pertencia a um jovem hondurenho. “É muito triste, porque até uma mãe reconhece seu filho e é um jovem que é identificado de Honduras”, descreveu. A mãe estava internada em um abrigo mexicano e indicou que as tatuagens em seu corpo correspondiam a um jovem de somente 20 anos.

As autoridades do Estado mexicano de Coahuila explicaram que devido ao estado de decomposição do corpo, não podiam “confirmar sua identidade até que seja realizada uma perícia de impressões digitais, para compará-las com as fornecidas pelo Consulado de Honduras”.

A identidade da segunda pessoa encontrada morta na área do muro flutuante “permanece desconhecido”. O fato, detalharam as autoridades mexicanas, é que “não possuía qualquer documento de identificação e, também, não foi reclamado”.

“O México reitera que a instalação do referido muro de boias de arame viola nossa soberania e impacta a segurança, a integridade e os direitos humanos dos migrantes, e que é uma ação que não corresponde à estreita relação que os governos dos Estados Unidos e do México têm mantido”, conclui o comunicado do Ministério das Relações Exteriores e do Instituto Nacional de Migração.

Pressionado, o embaixador dos Estados Unidos no México, Ken Salazar, reconheceu que as boias são “ilegais”. “O que o Texas está fazendo é ilegal, mas também está tornando o fenômeno migratório um fenômeno político e não um fenômeno humanitário e econômico”, salientou Salazar.

Fonte: Papiro