Jandira acredita que CPMI vai apontar omissões, objetivos e mandantes
Em artigo, deputada diz que investigação sobre invasão à Praça dos Três Poderes ajuda fortalecer democracia
Estragos após vandalismo no STF. 11-01-2023. Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) apontou em artigo na Carta Capital a importância da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os episódios golpistas ocorridos em 8 de Janeiro. No artigo, ela defende que a investigação pode contribuir com um Brasil plural e democrático, ao combater as práticas bolsonaristas de desinformação, mentiras, desrespeito com as instituições que se expressam na própria CPMI.
Segundo ela, “nada será varrido para baixo do tapete”. “As inquirições e as quebras de sigilo vão apontar quem se omitiu, com que objetivo e sob ordem de quem”, afirma, apontando a indignação da sociedade com o comportamento dos depoentes.
A investigação parlamentar se junta a outras no Supremo Tribunal Federal, na Polícia Federal e na Câmara do DF, promovendo um cerco que, ainda assim, tem sido subestimado pelos golpistas que tentam impor a tese fútil, de acordo com a deputada, de que os eventos ocorreram por omissão do governo recém-empossado. Os deputados bolsonaristas “sabem que deram um tiro no pé” ao instalar a CPMI.
Assim, Jandira destaca que a CPMI e as demais investigações têm trazido a público omissões que ocorrem desde o primeiro ano de governo, já que se sabia desde o processo eleitoral de 2018, que era preciso adotar protocolos para evitar risco de invasão ao Palácio do Planalto por manifestantes. Daí pra frente, o Brasil testemunha um ambiente crescente de golpismo estimulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro contra as instituições da República.
“Desde 7 de setembro de 2021 vemos tentativas de golpe com mobilização de bases bolsonaristas na rua. Depois, Bolsonaro lidera o ataque sem provas às urnas eletrônicas, inclusive internacionalmente, com uso da máquina pública, o que lhe custou a inelegibilidade”, observa.
A CPMI também tem exposto o modo como o bolsonarismo foi se organizando após a derrota de seu candidato. É o que se observa na organização e financiamento dos acampamentos em áreas militares, com atos terroristas em 12 e 24 de dezembro, sob a omissão dos representantes do governo derrotado. Jandira lembra que as mensagens trocadas pelo Coronel Mauro Cid mostram que o governo não encontrou apoio no Alto comando do Exército para decretar uma intervenção militar.
Em 8 de janeiro, tudo foi montado para que o próprio governo Lula decretasse a intervenção militar. “Isso é fato. Mas, o fio que a CPMI está desenrolando vai além. A investigação em curso vai chegar aos financiadores e aos arquitetos de tal plano golpista. E isto a oposição quer evitar a todo custo. Não quer que a sociedade saiba de pedras preciosas para Bolsonaro e Michele surrupiadas na estrutura do Palácio do Planalto. Não quer que venha a público o tanto de dinheiro que circulou para colocar em pé o golpe. E, principalmente, querem jogar para a vítima dos ataques a responsabilidade pelos atos criminosos”, diz o artigo.
Assim, a deputada afirma que “nada será varrido para baixo do tapete”. A CPMI pode garantir depoimentos e quebras de sigilo que se somam a outras provas para apontar omissões, o que estava por trás de cada ação e omissão, e quem dava as ordens.
“Saberemos os responsáveis pelos atos terroristas contra o Estado Democrático de Direito”, concluiu ela, garantindo que desta vez não serão capazes de evitar a seriedade nas investigações com mentira e baixaria.
(por Cezar Xavier)