Pesquisa mostra que 42,5% dos entrevistados têm mais segurança no emprego em relação a 2022, percentual mais alto desde de 2015, o que se reflete na intenção de compra

Mais um indicativo reforça o cenário de recuperação da economia brasileira neste ano. A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu em agosto o maior nível desde 2015, segundo medição feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Na comparação com o mês de julho, o indicador cresceu 1,4% e atingiu os 101,1 pontos. 

Esse não é o primeiro dado positivo do índice neste ano. Conforme apurado, desde janeiro o ICF tem apresentado altas mensais, reflexo de um conjunto de melhorias ocorridas no cenário econômico, tais como a queda na inflação e avanços no mercado de trabalho. 

Com isso, revela o índice, 42,5% dos entrevistados — o que corresponde a quatro em cada dez — sinalizam ter mais segurança no emprego em relação a 2022, percentual mais alto aferido desde março de 2015. 

“Isso ocorre porque o mercado de trabalho continua registrando um aumento das contratações formais, mesmo que em menor intensidade em relação ao início do ano”, explica Izis Ferreira, economista responsável pela pesquisa. 

Ela destaca, ainda, que os consumidores têm apontado maior segurança no emprego. “Tanto a segurança no emprego quanto uma melhora da percepção sobre a renda atual têm levado essa intenção de compras a crescer nos últimos meses”, diz. 

Por outro lado, quatro em cada dez consumidores dizem estar consumindo menos do que há um ano, o que resulta do temor de contrair dívidas devido ao custo do crédito, mais um reflexo negativo da alta taxa de juros do país sobre a vida da população. 

Ainda que tenha havido queda de 0,50%, os juros brasileiros — que hoje estão em 13,25% — ainda são os mais altos do mundo em termos reais. Mas, diz a CNC, “as taxas de juro médias em todas as modalidades de crédito com recursos livres atingiram 59,1% em junho, queda de 0,8 ponto percentual ante maio, primeira redução desde dezembro de 2022”.

Esse comportamento foi refletido pelo ICF. Enquanto, nos últimos 12 meses, caiu de 41,5% para 36,9% a proporção de consumidores que afirmam estar mais difícil conseguir crédito, o índice dos que consideram que o acesso a empréstimos está mais fácil subiu quatro pontos percentuais, atingindo 28,5% – o maior nível desde maio de 2020.

Para Iziz Ferreira, com os programas de renegociação de dívida do governo federal — como o Desenrola Brasil — e com a redução dos juros de forma mais continuada, espera-se que “haja melhora no cenário para inadimplência e para o endividamento que, de fato, forneçam as condições, via crédito, para esses consumidores poderem consumir. A tendência é que esse indicador de acesso ao crédito melhore até o fim do ano e que a gente tenha uma intenção de consumo crescente”. 

Metodologia

A pesquisa nacional de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), é um indicador antecedente do potencial das vendas do comércio. Os resultados medem o grau de satisfação e insatisfação dos consumidores, em que o índice abaixo de 100 pontos indica percepção de insatisfação, enquanto acima de 100 (com limite de 200 pontos) indica satisfação em termos de seu emprego, renda e capacidade de consumo. 

A pesquisa contempla 18 mil questionários analisados mensalmente, com dados de consumidores coletados em todas as Unidades Federativas. Nesta edição, seis dos sete quesitos que fazem parte do ICF apresentaram queda em agosto. No acumulado do ano, todos tiveram melhora.

Com agências

(PL)