Paciente que estava hospitalizada em Louisville foi atirada na calçada | Foto: Reprodução

Jornalistas da emissora de TV Wave3 de Louisville, capital do estado norte-americano do Kentuchy, transmitiram em reportagem as imagens de seguranças do Hospital da Universidade da cidade expulsando uma mulher sem condições de pagar sua consulta, deixando-a no meio da rua.

Nos Estados Unidos não existe um Sistema Único de Saúde, como o SUS no Brasil. As pessoas adoentadas, independentemente da condição social e da gravidade de sua situação, precisam pagar para consultas médicas ou fazer um plano de saúde particular.

Uma funcionária do Hospital da Universidade de Louisville ligou para o canal Wave3 fazendo a denúncia da barbaridade, e relatou que uma paciente havia sido abandonada na calçada.

Essa prática em que funcionários do hospital carregam à força pessoas doentes que não têm dinheiro para arcar com as despesas dos tratamentos feitos nos centros de saúde tem se tornado frequente, e é conhecida como “patient dumping” (“despejo de paciente” em tradução livre).

Os repórteres foram até o local e gravaram um vídeo da mulher desmaiada na rua, ainda com a roupa do hospital, com um cobertor sobre ela em um calor de 36 graus. Seus pertences também foram jogados no chão, ao seu lado.

Jornalistas da emissora de TV entrevistaram a paciente, que alegou que estava com problemas de diabete, mas teria sido expulsa do hospital e sido chamada de “sem-teto” por um médico.

O caso agora exposto aconteceu em dezembro passado e a equipe da Wave3 resolveu realizar uma investigação mais aprofundada e descobriu mais casos envolvendo a prática “despejo de paciente”. Ainda não foram divulgados mais detalhes.

HOSPITAIS PRIVADOS NÃO PAGAM IMPOSTOS

Em relatório de 62 páginas denominado “Em pele de ovelha: hospitais ditos sem fins lucrativos mal regulamentados dos Estados Unidos prejudicam o acesso aos cuidados de saúde”, publicado em junho último, a organização Human Rights Watch descreveu como a falta de orientação e supervisão do governo dos EUA permite que hospitais privados isentos de impostos gastem muito menos do que deveriam para tornar os serviços de saúde acessíveis a pessoas sem meios para pagar.

Em 2021, por exemplo, hospitais ‘sem fins lucrativos’ receberam um total de cerca de US$ 28 bilhões em benefícios fiscais, mas gastaram apenas cerca de US$ 16 bilhões para fornecer cuidados gratuitamente ou a um custo reduzido, de acordo com a Kaiser Family Foundation.

“Hospitais sem fins lucrativos estão contribuindo para a dívida associada aos cuidados de saúde e utilizando práticas abusivas de faturamento e cobrança de dívidas”, disse Matt McConnell, pesquisador de direitos econômicos e justiça da Human Rights Watch. “Isso continua ocorrendo devido à falta de diretrizes claras e à aplicação inadequada pelo governo federal dos regulamentos atuais”, afirmou.

Fonte: Papiro