Haddad diz que solução para rotativo do cartão pode vir em 90 dias
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou, nesta segunda-feira (14), que a questão dos juros rotativos do cartão de crédito deverá ter uma solução em 90 dias e que a taxa — de 437,3% ao ano, em junho — é um problema que precisa ser resolvido por afetar a vida de milhões de brasileiros.
No entanto, o ministro ressaltou que a resolução exige cautela. “Temos de ter muito cuidado para não afetar as compras no comércio e não criar um outro problema para resolver o primeiro. Então nosso foco é o rotativo. O rotativo não pode continuar como está e eu tenho um compromisso dos bancos de que essa mesa de negociação tem prazo para terminar”, afirmou.
O tema está sendo tratado em grupo de trabalho envolvendo o ministério e o Banco Central. Há, ainda, um projeto de lei em tramitação, sendo costurado entre Fazenda, Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e parlamentares, prevendo um prazo de 90 dias para que os bancos estabeleçam um limite aos juros do cartão. Caso isso não seja feito, os juros do cartão ficariam limitados aos do cheque especial, de 8% ao mês.
“Não vou me antecipar quanto à solução porque, se não, o grupo de trabalho vai se extinguir. Mas o Banco Central faz parte desse grupo e estamos em interação permanente. Aqui na Fazenda, a liderança do tema é com a Secretaria de Reformas Econômicas. Mas a Febraban e o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo) também estão sintonizados para buscar uma equação para o problema”, pontuou. As declarações foram dadas por Haddad durante entrevista concedida a jornalistas.
Em outra entrevista, concedida ao jornalista Reinaldo Azevedo e ao advogado Walfrido Warde, o ministro declarou que “não podemos perder de vista o varejo. Porque as compras são feitas assim no Brasil, então não pode mexer nisso”. Ele acrescentou que é preciso “proteger quem está caindo no rotativo, claro, tem que fazer alguma coisa por essa pessoa”, mas apontou que “o sistema padrão de compra brasileiro hoje é esse [parcelamento]”. Atualmente, o uso do cartão de crédito corresponde a 40% das compras no país.
As falas foram feitas após declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência pública no Senado na quinta-feira (11), quando declarou que estaria sendo estudada a extinção desta modalidade de crédito e a possibilidade de encaminhar os devedores diretamente ao parcelamento da dívida, que teria taxas de juros de 9% ao mês. Hoje, os juros estão em torno de 15%.
Com agências
(PL)