Guillermo Teillier foi deputado entre 2010 e 2022 pela região metropolitana de Santiago | Foto: Divulgação

O presidente do Partido Comunista do Chile (PCCh), Guillermo Teillier, faleceu nesta terça-feira (29) aos 79 anos no Hospital Clínico da Universidade, em Santiago.

Nascido em Santa Bárbara, região de Bío Bío, iniciou sua militância aos 15 anos, quando se somou às Juventudes Comunistas, integrou o Comitê Central do PC desde 1988, logo passando à secretaria-geral e ocupando a presidência do partido após a morte de Gladys Marín. Foi deputado federal pela região metropolitana de Santiago entre 2010 e 2022.

“O jovem allendista [partidário do presidente Salvador Allende] apoiou a União Patriótica (UP) com toda a sua energia. Combatente e lutador antifascista contra a ditadura. Estrategista de consolidação das forças populares e de esquerda, estadista e presidente do Partido Comunista do Chile”, destacou o comunicado de seu partido.

Informado do golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 por um trabalhador de uma empresa de telecomunicações – que havia escutado uma conversa entre militares – conseguiu queimar documentos que incriminavam um grupo de militantes comunistas de Valdivia, cidade da qual era dirigente, salvando a vida de vários deles.

Após o golpe encabeçado pelo general Augusto Pinochet, passou à clandestinidade, sendo detido um ano depois. Levado à Academia de Guerra da Fuerza Aérea, foi torturado por seis meses no seu subterrâneo, e enviado posteriormente aos campos de concentração de Ritoque, Puchuncaví e Tres Álamos onde permaneceu por mais um ano e meio.

Libertado em 1976, decidiu não partir para o exílio, mas redobrar os esforços na clandestinidade, passando a recompor a resistência democrática. Conseguiu driblar a repressão usando barba, bigode e peruca, se fazendo passar por professor, que era a sua formação, e também por empresário e médico.

Entre 1983 e 1987 assumiu a comissão militar do partido, sendo o vínculo com a Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR), braço armado que liderou a resistência à ditadura pinochetista.

Em meio a intensos trabalhos, viajou a Cuba e à União Soviética popularizando o pseudônimo de “Sebastián Larraín”, enquanto os serviços de inteligência da repressão o identificavam como “Príncipe”.

Em 1985, conseguiu trazer armas para Carrizal Bajo, no norte do Chile; e em 7 de setembro 1986, enquanto ainda era encarregado militar, 20 militantes da FPMR emboscaram Pinochet no morro Las Achupallas, no setor de Cajón del Maipo. A bazuca não funcionou e o ditador conseguiu escapar com vida.

A ministra Camilla Vallejo, secretária de governo e militante comunista, recordou o dirigente como um homem de “poucas, mas precisas palavras”. “Você generosamente nos ensinou a importância do trabalho diário e a humildade para realizar cada tarefa. Você abriu as portas para que o povo do Chile pudesse seguir em frente de cabeça erguida, acreditando sempre nas novas gerações e no seu papel transformador”, assinalou.

O presidente Gabriel Boric lamentou a perda do líder. “Envio um grande abraço para sua família, amigos e companheiros de partido nestes momentos de tristeza. Em homenagem à sua dedicação ao Chile ao longo de sua vida e ao seu esforço incansável para construir uma sociedade mais justa, como presidente da República, decidi decretar luto nacional em sua honra”.

Fonte: Papiro